sábado, 24 de dezembro de 2016

Natal Sangrento (1984) - Crítica Especial de Natal

AVISO DE PERIGO: essa crítica é detalhada e contém SPOILERS, portanto se ainda não conferiu o filme, leia por risco próprio.
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Primeiramente, gostaria de desejar boas festas e muita farra para todos os leitores que acompanham o Portal Tartárico. Hoje é dia de comer muito, beber até capotar, fazer uma social com os amigos e se entupir com filmes que marcaram a época (principalmente da Sessão da Tarde), como Esqueceram de Mim (1990), Um Herói de Brinquedo (1996), Edward Mãos de Tesoura (1990), Stranger Things (2016), Batman – O Retorno (1992), De Olhos Bem Fechados (1999)... E muitos outros. No entanto, existem certas maravilhas que devem ser lembradas anualmente, uma é a curiosa franquia Natal Sangrento, que teve sua primeira produção lançada em 1984. Conhecido fora do país como Silent Night Deadly Night, esse slasher movie conta uma trama que, obviamente, se desenrola durante o aconchegante Natal, com motivações pesadas e polêmicas. Com essa crítica, iniciamos o primeiro Especial de Natal anual do Blog, onde teremos uma análise por ano de filmes sangrentos que se passam durante a data natalina, sempre atualizada durante a véspera da ocasião, como hoje.

Sei que alguns não gostam do Natal. Eu particularmente não carrego nada de religioso em minha consciência, mas mesmo assim sempre apreciei o clima natalino (época do fim de ano no geral), talvez pela forte influência que parece animar as pessoas, ou pelas boas festas e memórias. Já para os excêntricos produtores de slasher movies oitentistas, nada melhor que um banho de sangue durante a popular ceia, com direito a polêmicas envolvendo religião, sexualidade e muitos outros tabus que são discutidos até os dias atuais. Dirigido pelo produtor de televisão Charles Sellier (dono da produtora Grizzly Adams Productions e dirigindo Os Aniquiladores no ano seguinte), a história é muito boa e a recepção foi totalmente favorável por parte do público; curiosamente, a projeção lançou dia 09 de novembro de 1984, exatamente o mesmo dia que a franquia A Hora do Pesadelo estava lançando seu primeiro clássico. O filme “natalino” conseguiu se sair muito melhor que Freddy Krueger somente no primeiro final de semana, tendo uma bilheteria superior durante o período. Acontece que A Hora do Pesadelo continuou a temporada toda em cartaz, enquanto Natal Sangrento foi censurado com apenas seis dias nos cinemas. Esse ultraje agregou na grande procura pela rara película, principalmente na boa época das fitas VHS. Para quem se aventura procurando assistir a produção na internet, normalmente a encontrará somente com o áudio original e sem legendas, ou então com a péssima dublagem que sempre costuma comprometer as obras.

Enquanto revejo ao filme e escrevo essa crítica, não consigo deixar de pensar que todos cresceram com aquela típica ideia do Papai Noel amigável, acolhedor e com boas intenções. Sempre pronto para vir do Polo Norte e presentear as crianças que foram boas durante o ano; essa é a essência que todos conheceram e admiraram em algum ponto da vida, independente da idade. Transformar a imagem desse velhinho bonzinho em uma trama angustiante e perturbada é completamente genial, e temos mais um ponto positivo para agradecer aos anos 80: a simplicidade que cada assunto (ou data festiva) tem para influência inúmeras produções, como já visto em Halloween (1978), Sexta-Feira 13 (1980), Dia dos Namorados Macabro (1981) e outros slasher movies marcantes, que fizeram questão de explorar basicamente todos os feriados conhecidos. No entanto, o Natal carrega uma docilidade que une as pessoas, ou as destrói, como nesse caso.

A produção começa com uma assustadora canção protagonizada por alguma criança inspirada; acompanhamos uma guirlanda natalina crescendo lentamente em um fundo preto, até que o sangue jorra manchando nossa visão, e quando a perspectiva é limpa, vemos o título “Silent Night Deadly Night” para enriquecer o clima que já nos identificamos. Realmente, a temática de Natal é forte e única, podendo ser transmitida com simples características, como uma guirlanda e a canção assustadora. Destaque para a trilha sonora angustiante, marcada com toques astutos no piano (clique aqui para ouvi-la).

O bom e velho Natal!

Começamos na véspera de Natal de 1971, onde conhecemos um garotinho fofinho chamado Billy Chapman (Jonathan Best, típico garoto inocente), que está indo visitar seu vovô em uma casa de recuperação, junto de seus amáveis pais. Eles estão passando por uma região rural montanhosa, e Billy demonstra grande interesse pela data festiva, após remexer em um grande livro natalino intitulado “The Night Before Christmas”. Seu pai é Jim (Geoff Hansen, que mais parece uma mistura de Kurt Russell com Patrick Swayze) e sua mãe a tranquila Ellie (Tara Buckman), que juntos também levam seu outro filho, o pequeno bebê Richard. Após a curiosidade apertar, Billy fica interessado em saber quando o Papai Noel irá aparecer naquela noite, e é informado que somente após ele estar dormindo. Para quem não sabe, nesse slasher temos o prazer de acompanhar a história do ponto de vista do assassino, diferente das outras projeções, que focam mais nas vitimas e final girls; na verdade, o garotinho Billy se tornaria o serial killer da vez, devido sua história cheia de traumas perturbadores (fator que iremos acompanhar nos primeiros 50 minutos de filme, onde o roteiro de Michael Hickey nos informa basicamente tudo que precisamos saber para entender as motivações sangrentas de Billy), e tudo começa quando eles chegam na tal Clinica Mental de Utah, um local “tranquilamente estranho”.

Esse velho me assusta pra caralho.

A família encontra o vovô (Will Hare, que também participou de De Volta Para o Futuro), em estado de catatonia. Após seus pais irem conversar com o médico, o macabro velho desperta inesperadamente, e no melhor estilo Crazy Ralph de Sexta-Feira 13 (1980), alerta o menino que caso ele tenha sido um garoto travesso naquele ano, era bom fugir do Papai Noel, pois o mesmo apareceria para puni-lo. Como todos devem imaginar, o velho consegue entrar na cabeça do garotinho e deixá-lo assustado.

Paralelamente naquela noite, quando a família esta voltando para casa, um homem vestido de Papai Noel assalta um mercadinho de estrada e assassina brutalmente o gerente (com direito a um tiro explicito na testa, na melhor dinâmica de Poderoso Chefão), e ao fugir com o dinheiro, acaba com o carro quebrado no meio da estrada... Sim, leitores, adivinha quem estava cruzando a região naquele momento? Isso mesmo, a nossa família inocente!... A cena que segue é totalmente perturbadora, pois Billy tenta avisar seus pais que o Papai Noel é ruim, mas do mesmo jeito, eles decidem parar e ajudar o “bom velhinho”.

Ajudando o "bom" velhinho.

O assalto é anunciado, e quando tentam fugir, a coisa somente piora: Jim é baleado inúmeras vezes, já Ellie é quase estuprada no meio da estrada e depois tem sua garganta rasgada. Billy presencia toda a situação, escondido na encosta da rodovia, enquanto ouve seu irmãozinho pequeno chorar dentro do carro. O filme já se demonstra estarrecedor desde sua primeira fotografia, no entanto, essa cena muda completamente os rumos da trama (isso nos primeiros 10 minutos). Inocente e desprotegido, a única coisa que resta para Billy é fugir, e por sorte, consegue se manter vivo (não sabemos o que aconteceu com o bebê Richard).

O filme pula 3 anos, mais precisamente em dezembro de 1974. E acompanhamos Billy um pouco mais velho (agora interpretado por Danny Wagner), vivendo agora no orfanato Saint Mary’s, sob a condução de rígidas freiras. Billy aparenta ser um garoto tranquilo e despreocupado, mas os traumas começam a perturbá-lo sempre que o Natal se aproxima, o deixando agressivo e com atitudes estranhas, como desenhar um Papai Noel assassino em uma das lições passadas.

Papai Noel, peitos e sangue... Ótimo contraste!

O garoto só passa aperto nas mãos da Madre Superiora (Lilyan Chauvin, de Predador 2 – A Caçada Continua), uma freira charlatona, totalmente chata e opressora, que ainda tem o costume de espancar os garotos travessos e até mesmo amarrá-los na cama, como acontece com Billy após presenciar uma das freiras transando escondida em um dos quartos do orfanato (e na sequência vê o casal apanhando com cintadas após serem descobertos). Ela é uma das responsáveis por seduzir o menino com suas ideias, afirmando que todas as pessoas bagunceiras (ou que transam) são punidas de alguma forma, premissa que levará Billy a assassinar muitos casais apaixonados no decorrer da trama. A Madre Superiora transmite crueldade em cada ato, mas ainda demonstra afeto pelos órfãos, por isso a sua forma de punição se demonstra completamente inútil, somente servindo para as crianças ficarem com mais medo dela, e não respeito. A única freira que ajuda Billy é a irmã Margaret (Gilmer McCormick), que procura confortar o menino durante os traumas e até tentar ajudá-lo psicologicamente, contando coisas boas, e não agouros como os outros fazem. Por falar em traumas, Billy acaba surtando quando é obrigado a sentar no colo do Papai Noel, e não se controla em acertar um soco no velhinho, o derrubando longe (!!!); o filme não mostra, mas Billy aparenta ter sido punido com brutalidade naquela noite...

Espancar crianças no Natal, que lindo...

Com aproximadamente 30 minutos de projeção, pulamos para o ano de 1984, quando a irmã Margaret, ajuda Billy a conseguir seu primeiro emprego numa loja de brinquedos chamada Ira’s Toys, gerenciada pelo Sr. Sims. Lembrando que Billy agora tem 18 anos e é interpretado pelo galã juvenil Robert Brian Wilson. Pela boa forma física do rapaz e competência na loja, o trabalho do nosso protagonista é elogiado por meses, mas de um jeito ou de outro, a época natalina sempre acaba chegando para perturbá-lo. Sem contar que pra piorar a situação, o gerente decide colocá-lo como Papai Noel do estabelecimento!...

Misturando bebidas e sua paixão Pamela (Toni Nero) nosso jovem Billy acaba perdendo a cabeça drasticamente, e começando vários assassinatos devido ao seu trauma. No melhor estilo de Sexta-Feira 13, um por um, temos ótimas sequências, desde machadadas e marteladas na cabeça, flechadas e principalmente enforcamentos, os quais o assassino realmente foca o seu prazer. Da premissa do Natal, temos inúmeras situações que realçam a data festiva, desde Billy abrindo a barriga de sua paquera, até flechadas no peito de sua supervisora.

Billy, o galã assassino.

O filme demora para pegar no fôlego, mas a partir de agora somos recompensados pela longa espera e introdução, pois as mortes são os melhores presentes que o gênero poderia nos dar, ocorrendo muito sangue em pouco tempo, das mais variadas formas possíveis, até mesmo pregando a scream queen Linnea Quigley (de A Volta dos Mortos-Vivos) nos chifres de um veado empalhado (viva a criatividade), fora outras belas mortes, que vão desde a loja de brinquedos em que Billy trabalha, passando pelas residências pacatas na noite natalina, e tirando a vida até mesmo de dois jovens que esquiavam no meio da floresta. A premissa de Natal é perfeita e muito bem construída: temos sangue em contraste com a neve, corpos jogados ao lado das decorações típicas e luzes coloridas...  Tudo muito eficiente. Uma bela representação do que seria, de fato, um Natal Sangrento. Fora as inúmeras doses de humor negro que enriquecem o “divertimento” da data, como o clássico padre surdo que é baleado, a dupla desastrada de policiais, ou a menininha que recebe um canivete do Papai Noel como presente. Sem contar que descobrimos o que aconteceu com o “irmão perdido” de Billy, o bebê Richard, agora um garoto que também mora no orfanato controlado pela Madre Superiora.

A furiosa vingança natalina.

Já no final, quando conseguimos entender totalmente as motivações de Billy, o mesmo invade o orfanato para massacrar a Madre Superiora (já estando sendo procurado pelas forças policiais), mas após se passar por Papai Noel, ele acaba sendo baleado nas costas, com dois disparos. A única pessoa que abraça sua morte é a irmã Margaret, que se prova devota aos traumas do garoto, realmente conseguindo entender os motivos do massacre natalino. “O Papai Noel se foi”, essas são as últimas palavras ditas por Billy Chapman antes de morrer lentamente na frente das criancinhas. No entanto, Richard (seu irmãozinho caçula) acaba acompanhando a morte do irmão, e lançando um olhar macabro no machado e na Madre Superiora, não precisamos ser gênios para deduzir quem será o protagonista da próxima matança.

Natal Sangrento é divertido e assustador. Uma combinação explosiva para se degustar durante a noite natalina, assim como hoje. Não podemos deixar pérolas como essa morrerem, pois devem ser lembradas todos os anos; esses slasher movies tem uma capacidade impressionante de entreter com histórias simples e bem coordenadas. Natal Sangrento acabou virando uma franquia que hoje em dia conta com 5 filmes e um remake lançado em 2012, portanto, os massacres natalinos estão apenas começando por aqui.

Leitores, 2016 está chegando ao fim, e talvez, ele tenha sido um dos anos mais importantes que já ocorreram na história do Portal Tartárico, pois foi nesse período que o Blog retornou depois de quatro anos sem postagens. Reformulado basicamente do zero, nossa mídia se encontra mais forte do que nunca, e em 2017 teremos inúmeras novidades, que vão explorar muitos outros conteúdos, sem contar as clássicas críticas que nessa etapa, viraram o verdadeiro charme daqui. Pois bem, com o fim do ano essa será a última postagem de 2016, porque estou começando a preparar a próxima maratona e muitas outras novidades, que se iniciaram logo no começo de janeiro. Junto do nosso primeiro Especial de Natal, gostaria de agradecer todas as pessoas que acompanham o Portal Tartárico (incluindo de outras nacionalidades, especialmente os norte-americanos, alemães e russos, que se mostraram bastante presente nos últimos meses), e afirmar que isso é somente o começo. O terror sempre vai se manter presente, perpetuando em nossos corações, independente da alegria contagiante das datas festivas e das outras situações típicas do cotidiano predileto do gênero... Mas então, depois dessa longa crítica para afiar os espíritos, está na hora de encontrar com os amigos e encher a cara para não perder o costume padrão... Beber e conversar sem restrições, porque são esses momentos que fazem uma bela diferença... No melhor estilo natalino, não é mesmo? Mas, lembrem-se, cuidado! Perto de você pode ter alguém vestido como Papai Noel, provavelmente com um sorriso no rosto barbudo... Olhe bem, pois ele pode estar empunhando um machado ensanguentado! Feliz Natal!
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TRAILER DE 1984:

CONTAGEM DE CORPOS (14):
Assassino Papai Noel:
Dono do mercadinho: baleado em assalto.
Jim: baleado dentro do carro.
Ellie: violentada e posteriormente tem a garganta cortada.
Assassino Billy Chapman:
Andy: enforcado com pisca-pisca.
Pamela: estômago aberto com faca.
Ira Sims: golpeado na cabeça com martelo.
Helen: flechada no estômago.
Denise: pregada nos chifres de um alce empalado.
Tommy: arremessado por janela.
Mac: decapitado com machado.
Padre: baleado por escopeta.
Oficial Barnes: acertado com machado e arremessado da escada.
William: baleado pelas costas com escopeta.
OUTRAS MORTES:
Billy Chapman: baleado por policiais.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

O Bebê de Rosemary (1968) - Crítica

AVISO DE PERIGO: essa crítica é detalhada e contém SPOILERS, portanto se ainda não conferiu o filme, leia por risco próprio.
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O Bebê de Rosemary é um dos melhores filmes de terror já realizados. Também é um dos únicos que consegue manter uma atmosfera completamente tranquila e tensa ao mesmo tempo, com um roteiro caprichado, repleto de diálogos interessantes e atuações de alto padrão. Levando em conta que já é uma produção antiga, produzida em 1968 pela Paramount e inspirada no best-seller de Ira Levin, o filme não exige nada extremamente ambicioso para conseguir contar sua trama simples e bem orquestrada durante seus 136 minutos; é interessante perceber que a projeção se passa quase inteira dentro de um apartamento refinado em Nova York, e do mesmo jeito, ficamos vidrados com cada detalhe exibido em tela.

Para quem ainda não conhece, O Bebê de Rosemary conta a triste história de um adorável casal nova-iorquino típico, que espera seu primeiro filho, prosperando para que seja bem planejado e bem recebido. Rosemary carrega todas as preocupações de uma mãe “primeira viajem”: confusa e receosa com o desenvolvimento das situações cotidianas. Seu marido, Guy, ator ambicioso porém mal sucedido, faz um pacto com o demônio pela promessa de vencer na carreira. E quem se vê no meio de toda essa injustiça é uma mãe ingênua que visa somente a proteção de um filho que ainda não existe, não tendo a possibilidade de confiar em ninguém, nem mesmo em seus supostos vizinhos adoráveis, um generoso casal de velhinhos que esconde uma trama obscura. Um fator que os mais leigos criticam é a ausência do bebê, pois nunca é mostrado; esse na realidade é o fator que mais enriquece o filme, pois nos faz usar muito mais da imaginação do que se víssemos um bebê trash no melhor estilo anos 60 (ou talvez até um primórdio de Brinquedo Assassino), correndo risco de transformar o filme em mais uma projeção B sem potencial. Mas é claro que não, porque esse clássico do suspense é MUITO maior que isso.


Dirigido pelo amargurado Roman Polanski, a história obscura começa muito tranquila e pacata, mudando completamente seus propósitos com o passar dos minutos. É bizarro pensar que a projeção pode ter “influenciado” no assassinato da atriz Sharon Tate (esposa de Polanski), que foi brutalmente assassinada quando estava gravida de oito meses por Charles Manson e seus comparsas familiares, apenas um ano depois do lançamento da obra, em 1969, marcando um dos casos mais famosos e chocantes da história norte-americana. É interessante deduzir que os eventos mostrados em O Bebê de Rosemary pode ter tido alguma relação; muito curioso, se parar para pensar.

Quando a projeção começa, já tocando a sensacional trilha sonora (uma canção de ninar assustadora e maravilhosa ao mesmo tempo, clique aqui para ouvir), vemos Nova York numa bela tarde de sol, quase sem nenhuma nuvem no céu azulado. A câmera desliza calmamente pela cidade, realçando a canção de ninar em nossos ouvidos. Rosemary’s Baby aparece escrito com uma elegante fonte rosa, dando todo um charme na obra. É curioso como essa cena inicial permanece na memória do público, enquanto vemos a enorme cidade suja e repleta de crimes, apaziguada pela tranquilidade que uma tarde de sol pode proporcionar. Nada poderia dar errado em um belo dia desses, não é mesmo?

Impossível não se lembrar dessa abertura.

Logo vemos o edifício Dakota (chamado no filme de Bramford) um antigo prédio que fica de frente para o Central Park. Curiosamente, sem contar todas as menções que o prédio é “amaldiçoado” ao decorrer do filme, na vida real, John Lennon (eterno Beatles) viria a ser assassinado ali 12 anos depois, em 1980; um fato bizarro e intrigante. Seria mesmo essa porra de prédio amaldiçoado?

Então conhecemos o casal animado Guy e Rosemary Woodhouse (John Cassavetes e Mia Farrow, respectivamente), ele bonitão com seu paletó azul e querendo impressionar o sindico do velho prédio; ela toda tímida e reservada, como sempre aparenta estar. Rosemary tem o poder de “transmitir” uma aura perolada com sua delicadeza e dicção curiosa; também possui o clássico cabelo channel louro que marcos época. Logo percebemos que os dois são simpáticos, porém reservados com seus olhares O típico casal norte-americano que está “começando a vida”.

Um tarde de sol em NY.

Eles estão visitando o Bramford naquela bela tarde para verificar a qualidade dos apartamentos, visando se mudarem. Guy é um ator de teatro ambicioso, porém mal sucedido na carreira; como Rosemary já o corrigia várias vezes: “ele trabalhou em Luthor e Ninguém Ama o Albatroz, além de vários comercias pra televisão”, porque o marido vive falando que trabalha em produções maiores. Numa cidade grande como NY, Guy é aquele rapaz que precisa aparecer na multidão de alguma maneira. Precisa se destacar, nem que isso influencie suas vidas (e muito, acredite em mim).

Com o sindico do prédio, eles conhecem o velho apartamento da falecida senhora Gardenia, que tinha o costume de cultivar ervas no local. A direção de Polanski é inesquecível aqui, te mantendo preso em cada detalhe do ambiente. Juntos, conhecemos o apartamento que será o palco da obra, e conseguimos sentir que existe algo estranho ali, mas é somente uma mera impressão... Como se fosse uma atmosfera no ar abafado. O clima colonial clássico é mantido em muitos aspectos da ambientação; o Bramford, com certeza, é um prédio estranho.

Logo o sindico se espanta com uma enorme cômoda que estava fora do local, e todos ficam se perguntando como uma senhora de 89 anos poderia ter movido aquilo. Quando, com muito esforço, Guy e o sindico removem a cômoda novamente, acham o último armário que faltava para apresentar o apartamento; fica a questão no ar: por que ela estava querendo esconder o armário, só contendo algumas toalhas e um aspirador de pó?

O misterioso armário.

Como planejam ter filhos, o casal precisa de um local grande, e logo Rosemary convence o marido a ficar com a o apartamento. Essa basicamente é a introdução do filme, mas não demora muito para as coisas ficarem estranhas: Rosemary logo conhece uma jovem chamada Terry Gionoffrio (Victoria Vetri), garota simpática que diz ter sido tirada das “drogas e suicídio” pelos vizinhos de Rosemary, um curioso casal de velhinhos, aparentando ser muito generosos, pois tiraram Terry das ruas e basicamente a tratam como filha. A curiosa mulher carrega um amuleto em forma de colar, presente do casal de velhinhos. Naquela noite, Terry é encontrada arrebentada na sarjeta do Bramford, aparentemente cometendo suicídio ao se jogar da janela; nessa cena conhecemos os velhinhos, Minnie (Ruth Gordon, vencedora do Oscar) e Roman Castevet (Sidney Blackmer), que chegaram de um passeio pelo Central Park na hora do ocorrido. Minnie é uma velha totalmente enxerida e bisbilhoteira, falando alto com sua voz esganiçada e chamando a atenção por onde passa. Já Roman é um senhor reservado e com olhar penetrante, elegante e aprofundado na cultura mundial (mencionando em certo ponto que já viajou todos os países do mundo). Eles se demonstram chocados com o ocorrido e carinhosos com Guy e Rosemary, até mesmo a presenteando com o curioso amuleto que Terry usava.

Acontece que naquela noite Rosemary ouve coisas extremamente estranhas antes de dormir, pelo eco da parede, conseguindo ouvir o casal de velhinhos discutindo. Polanski transita imagens bizarras, mostrando um pedreiro colocando tijolos na janela que Terry se jogou, enquanto recebe bronca de uma freira rabugenta, que argumenta com a mesma voz da velhinha Minnie. É lindo e assustador.

Minnie e Roman chegando no Bramford.

O casal se torna muito próximo de Minnie e Roman, principalmente após um excêntrico jantar no apartamento deles (onde se pode reparar que todos os quadros estavam virados ao contrario). Mas é Guy que fica extremamente intimo do curioso Roman, encantado com suas histórias interessantes. O rapaz estava disputando um ambicioso papel no teatro, correndo o risco de estourar sua carreira, e de um dia para o outro, seu adversário fica cego e incapaz de atuar, e assim Guy ganha o papel que tanto desejava. Tudo vai dando certo para ele, mas o roteiro (também escrito por Polanski) mantem tudo em sigilo, fazendo o público desconfiar de tanta sorte aleatória. Para “disfarçar” sua ausência, Guy planeja ter um filho com Rosemary, e marcam uma noite especial para a ocasião de suas vidas.

Então temos a ETERNA noite do jantar, onde os dois reservam um tempo só para eles, com música clássica romântica, lareira quentinha acesa, coquetéis de vinho e um banquete refinado. A noite em que pretendem conceder o desejado bebê tinha que ser perfeita em todos os detalhes. Destaque para a clássica roupa vermelha que Rosemary usa, preservando seu charme sutil. É claro, não demora muito para a velinha Minnie tocar a campainha e perturbar o jantar do casal, mas dessa vez ela não veio encher o saco, e sim trazer um mousse de chocolate como sobremesa dos dois, em copos individuais. Nessa etapa já percebemos algo estranho, porque Guy devora o canecão como se não houvesse amanhã, já Rosemary sente um gosto muito estranho no doce, e discretamente joga metade do conteúdo fora, no entanto, ela acaba comendo um pouco.

O verdadeiro PT.

Mais tarde, Rosemary começa a passar extremamente mal, cambaleando e desmaiando pelo apartamento. Guy fica preocupado e a deita na cama, deduzindo ser o efeito da famigerada bebida alcoólica. Essa sequência é uma das mais perturbadoras já feitas, pois Rosemary sonha ser estuprada por uma seita misteriosa que inclui demônios, seus vizinhos velhinhos, o amuleto, com até mesmo seu marido envolvido. A coordenação e edição dessa sequência são impressionantes, desde Rosemary atordoada e zonza em seu colchão (imaginando estar flutuando no meio do oceano), até mesmo nas cenas que os demônios estupram seu corpo magricela e desenhado com sangue, tudo ao som do sabá de alguma seita. É uma mudança de tonalidade muito forte, em comparação com o começo pacato.

Na manhã seguinte, ela acorda “perdida” (com as costas arranhadas), como se estivesse bêbada. Quando conta para Guy que sonhou ter sido estuprada, ele fica extremamente surpreso, pois revela ter feito sexo com ela após a mesma ter desmaiado; “não queria perder a noite do bebê”, segundo ele... Sim, leitores, aparentemente Guy Woodhouse curte uma necrofilia (rsrs). Até aí tudo bem, porque logo Rosemary recebe a noticia que tanto esperava: finalmente está gravida!...

Isso é perturbador.

Antes confiante no médico Dr. Hill (Charles Grodin), Rosemary acaba seguinte o conselho dos Castevets e indo visitar o obstetra Dr. Abraham Sapirstein (Ralph Bellamy), um médico cético, rabugento e influente, que promete para Rosemary um bebê saudável por meio de erva tannis, excluindo o tratamento convencional com pílulas receitadas. Só mencionando, a erva de tannis é exatamente a mesma que enfeita o tal amuleto que Rosemary ganhou de Minnie... Meio suspeito, não é mesmo?... A futura mãe parecia estar sendo alienada de alguma forma, mas isso era apenas o começo.

Guy começa a ficar cada vez mais ausente (aparentemente ocupado ensaiando para seu futuro papel no teatro, onde precisa utilizar muletas), e Rosemary sofre absurdos nos três primeiros meses da gravidez; sofre sozinha e sem ter nenhum membro próximo para desabar. Nesses três primeiros meses, nossa doce garota passa por dores abdominais extremamente graves, confinação social, perca de peso, fica pálida como um giz e ganha desejo involuntário por carne de fígado crua, um indicio dos primeiros presságios demoníacos. Em certo momento Rosemary até muda seu corte de cabelo, o deixando extremamente curto no intuito de parecer melhor, mas só acaba piorando. Esse talvez seja um dos filmes mais assustadores do gênero, não por efeitos especiais e sustos gratuitos, mas por uma premissa realista que realmente choca quem acompanha.

Esperando pelo mal, sem saber.

Edward Hutch (Maurice Evans) é um amigo muito próximo de Rosemary, inteligente pra caralho e culto em vários sentidos. Acontece que Hutch se demonstra desconfiado ao ver a aparência esquelética de Rosemary e descobrir que ela está sendo alimentada somente com a tal erva tannis, ficando preocupado e prometendo fazer pesquisas para descobrir mais sobre a raiz misteriosa. No entanto, antes de conseguir avisar o que descobriu para Rosemary, ele acaba entrando em coma misteriosamente. Com as dores intermináveis, Rosemary acaba perdendo a confiança no Dr. Sapirstein e tendo uma briga feia com Guy, desesperada com o desenvolvimento do bebê (achando que ele vai morrer devido as fortes dores). O ausente marido se demonstra irritado quando Rosemary informa que voltará a consultar o obstetra Dr. Hill, e curiosamente, a dor da gestante para sem motivos (como se ela estivesse “saindo do trilho” psicologicamente, e a trouxeram novamente com a ausência da dor), e ela volta a ter um bom relacionamento com seu marido e vizinhos.

Alguns meses depois Hutch morre do coma, mas antes deixa um livro para Rosemary, com aparentemente tudo que ele havia descoberto; um livro marcado e velho, intitulado “All Of Them Witches” ou então “Todos Eles São Bruxos”. No começo, ela não consegue entender as mensagens em anagrama, mas logo entra em total desespero ao perceber que Roman Castevets (seu vizinho), com letras trocadas, é Steven Marcato, filho de um satanista que havia sido linchado na calçada do Bramford... Ela descobre que a erva tannis é usada em rituais que envolvem carne de crianças, como se quem usasse aquele amuleto, estaria participando involuntariamente, assim como aconteceu com a "suicida" Terry... Todos eles são bruxos.

Sofrendo em silêncio.

A partir desse momento, Rosemary vira uma mulher completamente perturbada, acreditando que seus vizinhos e o Dr. Sapirstein são membros de um complô com interesse em seu futuro filho. Sua principal desconfiança é que o marido tenha vendido a criança por sucesso na carreira, principalmente por ele nunca acreditar em sua opinião e achar que está louca (inclusive jogando o livro fora). O complicado é que a direção de Polanski confunde o público em vários momentos, e realmente pensamos que Rosemary pode estar ficando louca; como nos momentos em que atravessa as avenidas de NY sem se preocupar com o movimente, entrando na frente dos automóveis de qualquer jeito. Junto com sua desconfiança, a mulher vai afundando em seus pensamentos até sobrar nada, somente o amor pelo pequeno filho que ainda não nasceu.

Quando já está para ter a criança, Rosemary tenta procurar a ajuda do Dr. Hill, mas acaba iludida e voltando nas mãos das pessoas que tentou fugir. Sem opções, o Dr. Sapirstein realiza o parto no quarto do casal, sem os instrumentos necessários e com Rosemary histérica, gritando feito uma louca sem rumo. Tudo saindo exatamente como não planejado. A partir de agora, perdemos a noção do tempo junto da inocente mãe, que permanece acordando em uma sucessão de horários, durante vários dias aleatórios. Sendo informada que o bebê morreu durante o parto, a mulher continua desesperada na cama afirmando que todos ao seu redor são bruxos visando a alma da pequena criança, mas como ouve um bebê chorando no apartamento ao lado, ela espera a noite cair para invadir o local e descobrir as respostas que estava procurando.

Rosemary e o berço negro.

Lembram daquele misterioso armário que mencionei no começo da crítica? Aquele que supostamente foi escondido pela antiga moradora do prédio? Rosemary descobre que ele tem um “fundo-falso”, onde permite acesso até o apartamento vizinho, dos Castevets; e armada com uma enorme faca de cozinha, a jovem mãe parte escondida para o local, já determinada em saber o que pode ou não encontrar naquele ambiente. Logo quando entra pelo fundo do apartamento, vemos uma porção de quadros com igrejas queimando e outras ousadias (lembram que na primeira visita do casal os quadros estavam virados ao contrário?)... Pois bem, ouvimos vozes vindas da sala colonial, e nossa protagonista parte com rápidos passos para uma jornada sem volta.

De fato, a cena final é perturbadora, ao acompanharmos Rosemary sendo bombardeada com a verdade que tanto desconfiava: não era alucinações de sua cabeça, tudo que suspeitava se prova verdadeiro. Ver os moradores do Bramford reunidos na sala, engravatados, bebendo vinho e agradecendo Satã pelo seu filho único é amedrontador pelo FORTE REALISMO; é tudo tratado com maturidade e independência. Todo mundo faz parte da tal seita, inclusive o Dr. Sapirstein e outros rostos conhecidos vistos durante a projeção. Rosemary vê o macabro berço preto que oculta o filho de seu ventre, e sua expressão ao puxar o véu negro é arrasadora. Roman Castevets avisa que a criança se chama Adrian, filho de Satã e destinado a fecundar os mortais da humanidade; Rosemary recebe essas informações arrasada e inconformada, não podendo fazer ABSOLUTAMENTE NADA para alterar isso. Ela já desconfiava das atitudes suspeitas há muito tempo, mas quando tudo finalmente se provou verdade, a superação se torna simplesmente impossível, diante da forte influencia que o complô procura transmitir.

Elite maldita #HeilSatan

Seu marido Guy, o verdadeiro responsável por tudo isso, se demonstra transparente ao ver Rosemary descobrindo tudo, tendo grande dificuldade de encará-la nos olhos (até saindo da sala). No entanto, ele conta o que aconteceu alguns momentos depois, revelando que eles iam mudar de vida a partir daquele momento, pois as melhores companhias cinematográficas já estavam interessadas em contratá-lo (obviamente devido ao pacto); “é como se tivéssemos perdidos o bebê”, ele fala tentando animá-la, mas a única coisa que recebe é uma cuspida no rosto. Guy é o verdadeiro lixo humano, um rapaz amargo e sem compaixão pelas pessoas mais próximas, que sim, merece sofrer muito e por muito tempo.

Como todo mundo deve saber, o bebê nunca é mostrado; acompanhamos apenas o seu choro (igual de qualquer criança) e uma breve cena embaçada, onde podemos ver dois olhos vermelhos em um rosto de cores realçadas. Eu fico realmente satisfeito em não ver a criança maldita, pois como já mencionei no começo da crítica, isso poderia acabar com todo o realismo obscuro criado até então, com apenas essa simples cena. Não acompanhamos um bebê assassino, como veríamos em Nasce um Monstro (1974), a premissa aqui é sobre o que a ambição não pode fazer com um homem, deixando ele frio o suficiente para vender a alma do único filho pela promessa do sucesso; e na consciência de uma pessoa dessas, não foi nada demais, é só engravidar novamente, né?

What have you done to his eyes?

O final é um dos mais tristes já vistos na história, porque Rosemary tem uma mudança repentina de atitude, e acaba aceitando o bebê como seu verdadeiro filho, pois na realidade, ela é a mãe, isso não há dúvidas. E o que uma mãe não faria por seu filho? Independente das densidades propostas? É triste, pois ao embalar o filho no berço (o fazendo parar de chorar), Rosemary abre um pequeno sorriso, como se já tivesse se tornado uma daquelas “pessoas invisíveis”, que agem em silêncio profundo, reinando discretamente. Ouvimos novamente a assustadora canção de ninar que abriu a projeção (ouça aqui), e sabemos que mesmo tudo estando na pior, na consciência de uma mãe ingênua, seu filho continuava bem e saudável, desde que esteja sob seus cuidados, protegido em seus braços calorosos.

Após o final arrasador, não há como negar que O Bebê de Rosemary (1968) é um marco da sétima-arte, assustando o subconsciente das pessoas mais indiferentes. É uma obra prima do terror, com pouco sangue e muito suspense, criando situações inimagináveis na cabeça de uma mulher que só queria o bem de seu filho. Nada acabou bem, tudo deu errado; mas a mensagem transmitida continua forte: pelo jeito, sempre mantenha sua sanidade ao desconfiar de alguém, porque como já dizia o Dr. Hill, bruxaria pode não existir, mas que existem muitos loucos nesse mundo... Isso é fato. Quase uma década mais tarde, em 1976, tivemos uma continuação lançada especialmente para a televisão, uma projeção raríssima e desconhecida intitulada Veja o que Aconteceu ao Bebê de Rosemary, que futuramente será analisada pelo Portal Tartárico. Por enquanto, fica a ótima recomendação dessa pérola, para todos que procuram uma boa história com capacidade de manter raciocínios durante dias. Assista muitas vezes, e lembre-se eternamente: “TODOS ELES SÃO BRUXOS”.
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TRAILER DE 1968:


CURIOSIDADES:
Como o filme tem uma contagem de corpos extremamente pequena (somente dois), colocarei algumas curiosidades interessantes:

1) O bebê de Rosemary, Adrian, nasceu dia 6/6/66.

2) Mia Farrow realmente comeu fígado cru para gravar uma cena.

3) O produtor William Castle recebeu várias ameaças de morte, por tocar no tema “anticristo” retratado no filme.

4) Mia Farrow é quem canta a canção de abertura.

5) Roman Polanski originalmente pensava em colocar sua esposa, Sharon Tate, como Rosemary.

6) Sharon Tate aparece rapidamente na festa que Rosemary organiza em seu apartamento.

7) Sharon Tate foi assassinada brutalmente quatorze meses depois do lançamento do filme, quando estava gravida de oito meses. Esfaqueada mais de 16 vezes por membros da família Manson, que escreveram “morte aos porcos” com sangue na parede da casa do diretor Polanski.

8) Reza a lenda que o filme inspirou clássicos como O Exorcista (1973) e A Profecia (1976).

9) O produtor William Castle foi internado em abril de 1969, quase em falência. No hospital, testemunhas afirmam tê-lo ouvido alucinar e dizer: “Rosemary, pelo amor de Deus, solte essa faca!”.

CONTAGEM DE CORPOS (2):
Assassinados pelo complô:
Terry Gionoffrio: suposto suicídio, pois caiu da janela do apartamento (morte offscreen).
Edward Hutch: amaldiçoado depois de ter sua luva roubada (morte offscreen).