quinta-feira, 9 de março de 2017

TOP 10 - As Melhores Mortes dos Filmes de Terror - Parte #2


Se preparem para a sanguinolência! Estamos de volta com o segundo TOP 10 mostrando as melhores mortes dos filmes de terror! Nesta lista, selecionei mais uma porção grotesca dos meus assassinatos preferidos, focando o lindo banho de sangue e chacinas violentas, principalmente envolvendo os clássicos que marcaram uma boa época. Como algumas cenas são extremamente difíceis de serem encontradas, resolvi voltar com meu antigo canal no Youtube para hospedá-las de forma adequada (apesar de que o Youtube é o maior troll lazarento da internet, não se pode confiar nele)!. Enfim, espero que tudo ocorra bem nesse retorno ao universo visual/virtual, pois existem centenas de mortes chegando ao Portal Tartárico! Não se esqueça de comentar e deixar sua sugestão sobre aquela vitima desgraçada que você, cidadão do bem, tanto amou ver morrendo ou sofrendo em algum filme! Mesmo rolando a opção de pular os videos desta postagem, devo lembrar os donos de corações fracos: se você fica chocado facilmente, cuidado!

ALERTA DE SPOILERS: se ainda não assistiu algum dos filmes mencionados abaixo, leia por risco próprio.
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Filme: Psicose (1960)
Direção: Alfred Hitchcock
Vitima: a ladra de 40.000 dólares, Marion Crane.

  Obviamente, não ia demorar para esse clássico momento do horror aparecer por aqui. Em 1960, o mestre do suspense Alfred Hitchcock quebrou todas as regras ao assassinar a protagonista da história na metade do filme! Marion Crane rouba 40.000 dólares da imobiliária em que trabalha, para poder fugir e casar com seu namorado bonitão. Durante a fuga, ela acaba parando num motelzinho de estrada, conhecendo o curioso proprietário, Norman Bates, que tem uma mãe impulsiva. Ao ir tomar banho, acontece o famoso assassinato no chuveiro, onde a garota é esfaqueada brutalmente sem poder se defender. A gravação da cena durou uma semana e é carregada de curiosidades, incluindo câmeras especiais para não serem molhadas, e inúmeros cortes para burlarem a censura da época. Com certeza, é um dos momentos mais marcantes já presenciados no horror, apesar de não ser completamente explícito.

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Filme: Lenda Urbana (1998)
Direção: Jamie Blanks
Vitima: Michelle Mancini, estudante do campus.

Preciso ser sincero: Lenda Urbana somente existiu para aproveitar o sucesso estrondoso de Pânico, já no final dos anos 90. Entretanto, ainda existem bons momentos no filme, a primeira morte é um deles, ocorrendo bem no comecinho da projeção. A bonita jovem Michelle Mancini está dirigindo na estrada chuvosa ouvindo Total Eclipse of the Heart (bom gosto), quando acaba ficando com pouca gasolina. Ao parar em um posto, o frentista (interpretado por Brad Dourif) tenta desesperadamente avisá-la sobre alguma coisa, mas como é gago, acaba se atrapalhando ao se expressar. Pensando que vai ser estuprada ou atacada, Michelle foge desesperada... Pouco segundos depois, o frentista consegue gritar desesperado: "TEM ALGUÉM NO BANCO DETRÁS!"... Isso mesmo, o assassino está escondido no banco detrás do automóvel! Não demora muito para a machadada comer solta, decapitando a garota.

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Filme: Maniac Cop 2 - O Vingador (1990)
Direção: William Lustig
Vitima: uma delegacia de polícia massacrada.

O segundo filme sobre Cordell, o policial assassino de Nova York, continua sendo um dos mais obscuros já lançados no começo da década de 90. Sempre com assassinatos que realçam a sujeira e escuridão noturna (estilo filmes noir), protagonizados por um policial maniaco com 2 metros de altura e muita força bruta. Numa das cenas mais lembradas, Cordell invade a delegacia para resgatar seu comparsa Turkell, um estrangulador de prostitutas. O brutal assassino parece uma mistura de Michael Myers com Terminator, quebrando portas de vidro na base de cabeçadas e metralhando todos pela frente. A parte inicial é maravilhosa, ao acompanharmos os oficiais pacatos que treinavam pontaria sendo massacrados inesperadamente, provando que o homicida gigante é cheio de estilo e determinação!

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Filme: O Massacre da Serra Elétrica 2 (1986)
Direção: Tobe Hooper
Vitima: o adolescente retardado Buzz.

O Massacre da Serra Elétrica 2 complicou a vida de muita gente envolvida, queimando a imagem de Tobe Hooper e até mesmo afundando a empresa nostálgica Cannon Films. Por sorte, tivemos o maquiador Tom Savini para salvar a obra com seus trabalhos sangrentos que, infelizmente, foram brutalmente removidos pela censura escrota da época, o que irritou nosso querido maquiador. Na primeira morte do filme, Leatherface e Chop Top atacam uma dupla de jovens extremamente irritantes, que dirigiam uma Mercedez dourada pelo interior norte-americano. Após aterrorizar os dois, Leatherface acerta um golpe certeiro no alto do carro, conseguindo serrar diretamente o topo da cabeça de Buzz. Pela censura a cena foi cortada no ato, mas ainda conseguimos ver o resultado antes do carro se acidentar. Tudo isso é acompanhado pela radialista Stretch, que conversava com os jovens pelo telefone do carro. Destaque para a trilha sonora, que embala essa sequência ao som do rock oitentista!

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Filme: A Hora do Pesadelo (1984)
Direção: Wes Craven
Vitima: Glen, o namorado dorminhoco de Nancy.

O primeiro papel na carreira de Johnny Depp ficou eternizado pela sua forma brutal de bater as botas. Dorminhoco e despreocupado, o adolescente não ouve os concelhos desesperados da namorada (Nancy Thompson), e acaba adormecendo em seu quarto, enquanto assistia televisão. Freddy Krueger aproveita para conduzir um dos pesadelos mais violentos e lembrados da saga, fazendo a cama engolir o rapaz, triturá-lo até virar liquido, e depois cuspi-lo de volta no teto, tudo isso na frente da mãe do garoto! Curiosamente, a versão que coloquei no vídeo abaixo é uncut, com alguns momentos extras que não acabaram na fita final, como Glen sendo regurgitado ainda inteiro pela cama. É um crime perturbado, incapaz de ser decifrado por qualquer perícia.

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Filme: A Volta dos Mortos-Vivos (1985)
Direção: Dan O'Bannon
Vitima: o empregado Freddy se transforma em zumbi.

No seu primeiro dia trabalhando em um depósito de remédios, Freddy acaba ingerindo acidentalmente uma grande quantidade de 245-Trioxin, substância tóxica do exército que é capaz de reanimar os mortos. Naquela noite, ele sofre um processo insuportável até morrer, primeiro tendo fortes dores musculares e ânsias de vômito, mais tarde, seus batimentos cardíacos desaparecem e o rapaz entra no rigor mortis, etapa que os músculos ficam rígidos e sem flexibilidade. A transformação em zumbi ocorre após a sua morte, sem ao menos fechar os olhos, nos braços da namorada. Freddy vira uma criatura grotesca, na capela do necrotério, e quem se dá mal é os sobreviventes que ali se refugiavam. Rola até ácido sulfúrico no rosto! Destaque para a trilha sonora, provavelmente a melhor sobre zumbis já feita até hoje.

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Filme: Halloween II - O Pesadelo Continua (1981)
Direção: Rick Rosenthal
Vitima: enfermeira Karen, afogada em água fervendo.

Neste clássico obscuro, Michael Myers caça sua irmã dentro do hospital Memorial de Haddonfield, algumas horas após ser baleado pelo seu psiquiatra Samuel Loomis. No entanto, Myers não foca somente na irmã, basicamente assassinando todos os funcionários que estavam no local (meio vazio devido ao feriado de Halloween). Em uma das melhores cenas, um casal de enfermeiros transavam tranquilamente na hidromassagem de quimioterapia (ahhh, os anos 80!). Após aumentar o termostato e estrangular o parceiro da enfermeira Karen, nosso assassino afoga a moça em água fervendo (!!!), entregando um crime sádico e doloroso. É interessante ver que Karen demora para perceber o assassino atrás dela, e faz caricias em suas mãos pensando ser o namorado! Por outro lado, Michael reage tranquilamente com a situação, se aproveitando da inocência alheia... Ou será que ele estava gostando do carinho inesperado?

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Filme: Alien - O Oitavo Passageiro (1979)
Direção: Ridley Scott
Vitima: Kane, o primeiro hospedeiro da franquia.

Após uma criatura desconhecida grudar em seu rosto, Kane se transforma em um hospedeiro para geral um Xenomorfo, criatura conhecida como Alien. A criatura desgruda de seu rosto com o tempo, mas acaba deixando um filhote dentro do tripulante da nave Nostromo. Ninguém desconfia de nada, até ocorrer a clássica cena do jantar na nave gigantesca, onde Kane acaba ingerindo uma pequena quantidade de comida, e a criatura estoura de seu peito na frente de todos. O sangue vermelho em contraste com o branco é incrível, e a cena continua sendo uma das mais marcantes do terror moderno. Por azar, a criatura consegue fugir na espaçonave, pronta para dar muita dor de cabeça para os tripulantes.

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Filme: O Dentista (1996)
Direção: Brian Yuzna
Vitima: cobrador de impostos Marv Goldblum.

O cobrador de impostos Marv Goldblum acaba se dando muito mal após ir pentelhar a vida do ortodontista explosivo Alan Feinstone. Depois de perder a cabeça, o dentista é infernizado pelo cobrador (que sempre passa no consultório para consultas grátis) e resolve dar o troco da pior forma: anestesiando o homem e aplicando uma enorme broca em sua boca, forçando e quebrando sua mandíbula. Como se isso não bastasse, ele rasga a língua do rapaz inúmeras vezes com a maquininha de obturação. O mais dramático é que a anestesia por gás faz a vitima ficar sonolenta durante o ato, somente podendo acompanhar o procedimento sangrento. É agonizante, cuidado.

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Filme: Hellraiser - Renascido no Inferno (1987)
Direção: Clive Barker
Vitima: o infeliz Frank, massacrado pelos Cenobites.

O primeiro lugar do nosso TOP 10 continua sendo extremamente violento, desta vez mostrando um dos momentos mais lembrados da franquia Hellraiser. Frank comprou um cubo numa loja de antiguidades, procurando decifrá-lo para conseguir o prazer sensual eterno. Entretanto, após conseguir armar o cubo misterioso, o homem acaba despertando os Cenobites, criaturas horrendas que vestem couro e sentem prazer imenso na dor e sofrimento. Obviamente, esse não era o prazer que Frank procurava, e ele é massacrado pelas criaturas. Mas esse não foi o final, pois o rapaz conseguiu fugir do inferno e voltar na sua forma natural (utilizando sangue alheio). De qualquer forma, os Cenobites (liderados por Pinhead) acabam sentindo sua ausência nas trevas e vão buscá-lo mais uma vez, cravando inúmeros ganchos em seu corpo. A dor que Frank sentiu antes de morrer é inexplicável, e a sua última fala foi "Jesus wept" (Jesus chorou), logo antes de esboçar um sorriso deformado e ser estourado ao meio.


-- PRÓXIMO TOP 10 EM BREVE --

segunda-feira, 6 de março de 2017

A Volta dos Mortos-Vivos (1985) - Crítica

AVISO DE PERIGO: essa crítica é detalhada e contém SPOILERS, portanto se ainda não conferiu o filme, leia por risco próprio.
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Lá na década de 60, o mestre George A. Romero já havia introduzido o macabro conceito dos filmes de zumbi, com o clássico A Noite dos Mortos-Vivos (1968). A ideia deu tão certo, que hoje em dia os filmes de zumbis já possuem seu gênero próprio, tamanha a quantidade de fitas lançadas nos últimos 50 anos. Os italianos abusaram bastante dessas produções, apresentando clássicos gore de primeira qualidade, principalmente envolvendo diretores como Lucio Fulci e Dario Argento. Entretanto, foi o estadunidense Dan O’Bannon (roteirista da franquia Alien), que deu origem a uma das maiores obras do terror moderno: A Volta dos Mortos-Vivos, no curioso ano de 1985. É uma das projeções mais interessantes para se assistir nas fitas VHS (apesar de ser extremamente rara hoje em dia), tem até uma bizarra contagem regressiva de 1 minuto até o filme começar! Conhece aquele conceito de legiões de zumbis correndo pelas ruas grotescamente? Pois bem, começou aqui. Esqueça tiros na cabeça, isso não vai impedi-los de te devorar. Devido ao aspecto "realista", armas são quase inexistentes, por isso você precisa se defender com o objeto mais próximo!

Para quem gosta do estilo, é uma obra prima. O clima é único, temos boas atuações, rock fodido dos anos 80, punks, putaria no cemitério, muitos zumbis e uma atmosfera misteriosa que contagia. Enquanto no filme de Romero tínhamos zumbis mais lentos e silenciosos, aqui são completamente diferentes: eles correm, berram, tem um pequeno índice de consciência e até pronunciam algumas palavras; sem mencionar a maquiagem extremamente interessante de Michael Spatola (também deixando sua marca em Predador 2 e O Exterminador do Futuro 2), com zumbis detonados, mutilados e em estado de decomposição. Muitas pessoas já devem ter trombado com algum filme da franquia A Volta dos Mortos-Vivos, porém, acredite em mim, esse aqui é o capítulo mais gratificante de seu acompanhar, principalmente se levar a história de forma descontraída e sem propósitos ambiciosos (ouso em falar que o terceiro filme também é muito bom, pelas novidades).

O enredo gira em torno de dois funcionários que trabalham em um depósito de remédios e produtos químicos. Para variar, os palhaços acabam liberando o conteúdo tóxico de um tambor do exercito, provocando uma catástrofe acidental. Paralelamente, um grupo de punks que estavam dando uma noitada no cemitério ao lado é surpreendido quando os mortos começam a sair da terra! Sério, mesmo com produções recentes interessantes (como Guerra Mundial Z e The Walking Dead), ainda sinto falta deste tipo de produção caricata, pois eram simples e macabras, sempre surpreendendo os mais desavisados.

Acredite, não é um filme de zumbi qualquer!

Tudo começa dia 3 de julho de 1984, as 17h30 da tarde no horário de verão. Logo vemos o nostálgico depósito de remédios UNEEDA, comandado pelo patrão Burt (Clu Gulager, que também fez A Hora do Pesadelo 2 no mesmo ano), e seus dois empregados paspalhões: o entusiasmado Frank (veterano James Karen, de Poltergeist) e o novato Freddy (Thom Matthews, que no ano seguinte viria a ficar imortalizado pelo seu papel de Tommy Jarvis em Sexta-Feira 13 Parte VI). Naquela tarde, Burk vai embora mais cedo, deixa seus dois funcionários sozinhos no depósito, e não demora muito para tudo sair do controle. É marcante como esse começo transmite mistério e desconfiança; existe uma ausência de trilha sonora durante as conversas no depósito, o que passa a sensação de medo, ainda mais devido aos ecos do local.

Armas? Não! Explosivos? Não! Taco de baseball? SIM!

Freddy está no seu primeiro dia de trabalho, por isso Frank resolve ensiná-lo algumas dicas para se sair bem, e apresentá-lo o local com calma (se aproveitando da hesitação do garoto para assustá-lo). Sem contar que eles guardam corpos frescos para a faculdade de medicina (naquele dia só tinham um na geladeira), o porão do local contém inúmeros tambores com descrições do exércitos, cada um com um corpo dentro. Frank, todo contente em assustar seu aspirante novo, explica que todos esses cadáveres vieram do filme A Noite dos Mortos Vivos (!!!), e que a história realmente aconteceu, porém no filme alteraram os fatos verdadeiros. É interessante ver que os produtores levaram em conta o filme de Romero, basicamente dando uma referência gratuita para os fãs. Enfim, ele conta que o exercito errou o endereço na hora do envio dos corpos contaminados, e eles foram parar ali no depósito.

Ao ir mostrar os tambores para Freddy, o retardado mete um soco no bagulho (afirmando que são inquebráveis) e adivinhem?!... Isso mesmo, o vidro trinca e o gás tóxico 245-Trioxin é liberado diretamente no rosto dos dois, provocando o desmaio imediato. Ao vermos o interior do tambor com o corpo em decomposição efervescida, a trilha sonora chega para brindar o momento, entregando uma das melhores aberturas do gênero (clique aqui para ouvir). Em breve estarei publicando um artigo completo sobre as prioridades desse gás tóxico, analisando seu envolvimento sutil nos filmes da franquia.

O depósito de medicamentos UNEEDA.

Logo conhecemos o grupo de punks que vão alegrar o body count, aqueles bem caricatos dos anos 80, que não ligam para nada, somente gostam de zoar! Todos liderados pelo punk doidão Suicide e seus amigos bizarros, como o tarado Chuck, o drogado Scuz e o negão pacato Spider (interpretado por Miguel Núñez, fazendo um papel quase idêntico em Sexta-Feira 13 Parte V). Não podemos se esquecer das garotas assanhadinhas da vez, como a fofinha Tina, a estilosa Casey e a punk chapada de cabelo vermelho Trash (Linnea Quigley, a scream queen que sempre aparece pelada em seus filmes)! Todos estão esperando Freddy sair do trabalho no depósito, pois Tina é sua namorada. Enquanto esperam, o bando de inúteis resolvem invadir um cemitério abandonado que fica ao lado do depósito! Destaque para o carro conversível pichado que a gangue tem. É clássico.

O grupo de punks dos anos 80.

Quando acordam no depósito, Frank e Freddy estão passando mal (após ingerirem o gás tóxico) e o corpo que estava dentro do tambor desapareceu. Como a substancia percorreu o prédio, tudo que já possuiu vida algum dia começa a voltar lentamente, como as borboletas que serviam para estudo, ou os cachorros cortados ao meio que eram usados por veterinários. O desespero só aumenta quando aquele cadáver da geladeira (pelado e careca) acorda como se fosse um doente mental descontrolado. Esse é o primeiro zumbi que vemos com vida na franquia, e provavelmente um dos mais lembrados.

Após chamarem o patrão Burt de volta, o trio desesperado tenta impedir o zumbi de uma forma brutal: cravando uma picareta em seu crânio (!!!), posteriormente serrando sua cabeça e membros com um serrote cego! Do mesmo jeito, ele ainda continua se mexendo, e o grupo resolve ensacá-lo rapidamente e levar os pedaços vivos até o necrotério vizinho, para cremá-los (afirmando serem doninhas)!

Frank, Freddy e Burt serrando o zumbi!

É nessa fase que o filme já mostra seu objetivo: é uma violência grotesca e explicita, mas o clima descontraído e misterioso faz tudo parecer uma comédia sádica! As atuações são dramáticas, com berros agonizantes, caras e bocas de todos os envolvidos. Burt é o resmungão inteligente, Frank é o desesperado impaciente e Freddy (pobre Freddy) acaba se vendo completamente aterrorizado nessa situação alucinada. A maquiagem é outro ponto forte que não foi economizado em momento algum; vemos e sentimos todos os golpes, machadadas, picaretadas, disparos de revólver... É tudo muito efetivo.

Ao chegarem com o corpo no necrotério claustrofóbico, conhecemos o legista solitário Ernie (Don Calfa), ótimo personagem, que os ajuda por dever um antigo favor para Burt. Eles queimam o corpo do zumbi no grande forno, em potencia alta, para não sobrar nenhum músculo. Quando tudo parecia estar resolvido de uma vez por todas, a fumaça tóxica cuspida pelo forno do necrotério acaba chegando no cemitério ao lado, saindo da chaminé e provocando uma chuva ácida, trazendo todos os mortos de volta a vida. É curioso ver como a marcante trilha sonora aparece somente nos momentos em que algo errado acontece, assim como em Halloween (1978).

Brains! Braaaaains!

O grupo de punks permanecia tranquilo no cemitério quando o evento acontece, bebendo altas doses e até mesmo organizando o clássico show de strip-tease em cima dos túmulos, protagonizado pela punk Trash (por sinal, sempre que alguém menciona algo relacionado à morte perto dela, a garota se excita e fica peladona)! Os zumbis saem da terra ao som de Party Time (45 Grave), provavelmente a música mais lembrada do filme! Desesperados, o grupo acaba fugindo e se separando; Trash fica para trás e é morta brutalmente. Alguém tempo depois, vamos vê-la voltando como zumbi, pelada, com a pele branca e uma boca enorme! Já o resto do grupo se refugia no depósito e no necrotério, se encontrando com Burt e os outros sobreviventes. Ainda rola a famosa cena em que Tina vai procurar o namorado Freddy no depósito, e acaba trombando o zumbi que estava armazenado no tambor do começo do filme (conhecido como “Tarman”), totalmente molenga e decomposto! Me lembro das vezes que assisti A Volta dos Mortos-Vivos quando criança, e esse momentos era um dos mais marcantes! Nessa cena é usada perspectiva distorcida (aquelas que forçam os pontos de fuga), parecido com o visto em Um Corpo que Cai (1958)! Foda é pouco!

Gradativamente, por terem respirado o gás tóxico, Frank e Freddy vão ficando doentes e inválidos, até que finalmente chamam uma ambulância de paramédicos para diagnosticar o caso. Quando os médicos chegam, eles percebem que os dois estão sem pulso há muito tempo, sem conseguirem explicar o motivo. Em pânico, Frank e Freddy acabam entrando lentamente no rigor mortis, provocando uma dor insuportável. O rigor mortis é um processo que o corpo passa após um período sem vida, nessa fase, os músculos ficam duros e rígidos iguais pedras, e precisam ser alongados para manter a flexibilidade. Estão virando mortos-vivos aos poucos. É agonizante.

A transformação sempre é dolorida.

Os zumbis atacam sem piedade, inclusive matando os dois paramédicos (quando eles saem na chuva em direção da ambulância) e até pedem reforços pelo rádio do automóvel, solicitando que enviem mais paramédicos! É claro, tudo isso de uma forma medonha e característica. Eles armam emboscadas para a policia também, conseguindo arrastar vários agentes para a morte. Temos até um zumbi anão em uma das cenas (ou pode ser uma criança), correndo pelo gramado com as pernas arrebentadas! Em uma das cenas mais tensas, Ernie consegue capturar e amarrar um zumbi feminino (cortado ao meio), e tenta arrancar informações. O cadáver detonado revela que estar morto é extremamente doloroso, eles não tem opção, por isso se alimentam com cérebros humanos... Os cérebros fazem a dor passar.

Freddy acaba virando zumbi em uma ótima cena, na capela interna do necrotério, nos braços da namorada Tina. Thom Mathews dá conta do papel com folga, agindo de forma violenta e sádica! Inclusive, Ernie joga ácido sulfúrico em seu rosto, o irritando profundamente. Por outro lado, ao descobrir que está virando um zumbi, Frank acaba se suicidando em uma sequência dramática, entrando no forno do crematório e deixando sua aliança para fora. Bem tenso.

Linnea Quigley fica pelada até como zumbi!

Se aliando com Spider, o patrão Burt consegue voltar para o seu depósito para, sem alternativas, discar o número do exército que estava nos tanques contaminados. Para sua surpresa, o coronel Glover (Jonathan Terry, de Halloween 3), já estava esperando muito tempo por essa ligação, desde que havia perdido a localização dos tambores. Ele já sabia se alguém ligasse naquele número após tantos anos, era porque a epidemia já havia saído de controle. O exército tinha um plano preparado para essa ocasião, no caso, detonar um enorme míssil na área contaminada pelo gás tóxico, e destruir todas as evidencias possíveis sem deixar nenhum rastro! Isso mesmo, uma total queima de informações por base do governo!

E de um jeito ou de outro, o plano inesperado é executado já no finalzinho do filme. Acompanhamos um míssil teleguiado dourado sendo detonado na região, já na manhã seguinte (dia 04 de julho as 05h01 da matina), basicamente matando todos que estavam por lá, incluindo os sobreviventes esforçados. Essa ideia até lembra o desfecho de A Noite dos Mortos Vivos, só que muito mais generalizado. Existe também um final alternativo (encontrado em qualidade desgastada), mostrando algumas cenas extras que deixam mais visível toda essa ocultação de informações por base do exercito norte-americano... Mas em sua opinião, como deveriam ter acabado com esse problema?

A solução final não foi muito feliz.

Esse míssil provoca outra chuva ácida, e a narração final afirma que, apesar de todas as tragédias e mortes, a “chuva vai sumir com tudo”... Será mesmo? Será que não existem outros tambores do exército perdidos por ai? Fica a dúvida. Por enquanto, essa projeção continua sendo um dos melhores filmes de zumbis já feitos, com muito humor negro e corpos amontoados! A Volta dos Mortos-Vivos (1985) não é para se assustar, e sim para se divertir tomando algumas cervejas com os amigos, abrindo sua consciência para muita conversa descontraída e relaxada. A franquia sangrenta voltou somente 3 anos depois, em 1988, já abordando um enredo diferente, porém mantendo tudo que “aprendemos” por aqui. A honra da vez fica com Romero, que mesmo não tendo nenhum envolvimento por aqui, acabou sendo o verdadeiro influenciador. Vale a pena conferir, com certeza!
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TRAILER DE 1985:
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CURIOSIDADES:
1) O filme começa anunciando se tratar de fatos reais, com a frase de letreiro "Os eventos mostrados neste filme são reais. Os nomes das pessoas e organizações são verdadeiros".

2) Tobe Hooper foi a primeira opção para dirigir o filme. Até pensaram em chamá-lo para dirigir os possíveis quarto e quinto filmes, mas nada foi confirmado, segundo rumores.

3) O primeiro roteiro foi escrito por John Russo (roteirista de A Noite dos Mortos-Vivos, clássico de Romero), justamente em 1978, quando Romero produzia Despertar dos Mortos. O roteiro foi comprado por um produtor independente, Tom Fox, que acabou chamando Dan O'Bannon para dirigi-lo. A principio, O'Bannon não gostou do projeto ser uma "sequência" de A Noite dos Mortos-Vivos, por isso resolveu reescrever o roteiro com muito humor-negro. Mesmo assim, o clássico de Romero ainda é mencionado em algumas cenas.

4) Dan O'Bannon escreveu o personagem de Frank para ele mesmo interpretar. No entanto, quando James Karen foi fazer um teste para outro papel, ele percebeu que aquele seria o Frank ideal.

5) Do mesmo jeito, O'Bannon ainda tem uma participação no filme, fazendo a voz do piloto do helicóptero da polícia.

6) Originalmente, assim como outros projetos, seria exibido em 3D!

7) A atriz Jewel Shepard já estava escalada para interpretar Trash, mas desistiu após descobrir que teria de passar quase o filme inteiro pelada. Por sorte, o papel acabou ficando com a scream queen Linnea Quigley, que ficou conhecida como a musa dos filmes de terror. Jewel ainda aparece no papel de Casey.


8) Reza a lenda, que o próprio George A. Romero teria se interessado muito ao ler o roteiro, se oferecendo para produzir. Entretanto O'Bannon não queria que pensassem se tratar de uma continuação da obra de 68, então resolver dispensar o mestre dos zumbis!


9) James Karen e Thom Mathews (interpretes de Frank e Freddy) também retornam para o segundo filme, mas como personagens completamente diferentes (dois ladrões de túmulos). Nos dois filmes, eles protagonizam a mesma frase marcante: Karen resmunga "garoto, se você gosta deste trabalho..." e Mathews se interpola desesperado "gostar deste trabalho?! Gostar deste trabalho?!".


10) Brian Peck (que interpreta o punk Scuz) também volta no próximo filme, só que atuando como 5 zumbis diferentes!

11) Custou 4 milhões para ser produzido e rendeu 12 milhões somente nos cinemas norte-americanos.

CONTAGEM DE CORPOS (número não exato):
Assassinos zumbis:
Suicide: cabeça rasgada com dentada certeira.
Trash: devorada viva por um grupo de zumbis.
Jerry: cérebro devorado.
Quatro paramédicos: atacados pelos zumbis em uma emboscada.
Scuz: mordido na cabeça.
Mendigo Hobo: cérebro devorado pela zumbi Trash.
Dez policiais: atacados por um grupo de zumbis.
Grupo extra de policiais: também atacados pelos zumbis.
OUTRAS MORTES:
Freddy: transformado em zumbi após ingerir 245-Trioxin.
Frank: também transformado em zumbi após ingerir o gás, porém acaba se suicidando ao entrar no forno do crematório.
Tina: atacada por Freddy, morta com explosão do míssil.
Ernie: morto na explosão do míssil.
Todos os zumbis: mortos na explosão do míssil.

quinta-feira, 2 de março de 2017

Poltergeist - O Fenômeno (1982) - Crítica

AVISO DE PERIGO: essa crítica é detalhada e contém SPOILERS, portanto se ainda não conferiu o filme, leia por risco próprio.
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Somente Poltergeist (1982), o primeiro filme de uma trilogia, já foi o suficiente para influenciar não só o subgênero de assombrações, como também inúmeros outros projetos até os dias atuais. A atmosfera sobrenatural é perfeita, desde iluminação (sempre de baixo e misteriosa), uma trilha sonora adorável composta por Jerry Goldsmith (clique aqui para ouvir) e efeitos especiais inovadores na época, todos produzidos pela imbatível Industrial Light & Magic, empresa fundada pelo mestre George Lucas. Sem sombra de dúvidas, esse é um filme de fantasmas bem diferente, um verdadeiro espetáculo de luz e magia, fascinante, aterrorizante e com um simbolismo enorme. Apesar de a trilogia inteira ser muito boa e manter suas características únicas, o primeiro filme continua sendo o mais arrebatador, talvez pela carga emocional que consegue conquistar facilmente. A frase “eles estão aqui” marcou um grande momento do horror moderno.

Ninguém menos que Tobe Hooper (de O Massacre da Serra Elétrica) e Steven Spielberg (dispensa apresentações) foram os responsáveis explosivos por dar vida ao projeto, e isso gerou altas intrigas nos bastidores. Spielberg teve muito mais participação criativa e, apesar de Hooper estar creditado como diretor final, foi ele quem tomou as maiorias das decisões, gerando as intrigas. Spielberg não pode dirigir o projeto, pois estava ocupado com as gravações de E.T – O Extraterrestre. Inclusive, na capa do VHS lançado pela MGMHooper mal é mencionado.

Essa parceria conturbada entre os dois mestres serviu para provar as visões diferentes que os filmes de horror podem ter. Se o bruto Hooper tivesse tido mais influencia aqui, hoje Poltergeist seria uma projeção perturbada e com humor negro, mas é visível que a produção carrega muito das características de Spielberg, principalmente na estética e dinâmica (trilha sonora também); aquele “clima família” típico do diretor é bem forte aqui, lembrando muito um filme que ele lançou no mesmo ano, no caso E.T – O Extraterrestre. A semelhança com a primeira temporada de Stranger Things (2016) também é gritante em cada movimento. Detalhe: como Spielberg e George Lucas são velhos amigos, vamos presenciar inúmeras homenagens a Star Wars durante o filme, principalmente no começo.

Uma imagem que marcou os anos 80.

Vamos acompanhar a história dos Freeling, uma amável família que está vivendo em uma vizinhança nova, mas acabam sendo atacados por forças sobrenaturais que assombram a residência. A família é composta por Steve (Craig Nelson) o típico paizão norte-americano, sua esposa Diane (JoBeth William), seus três filhos, Dana (Dominique Dunne), a adolescente assanhadinha, e as crianças Robbie (Oliver Robbins) de 8 anos, e Carol Anne (Heather O’Rourke, que viria a morrer durante as gravações do terceiro filme) com apenas 5. A garotinha vai tendo contato com a televisão da casa, conseguindo se comunicar os espíritos (quando não está em nenhum canal, somente estática), e logo a residência começa a ser atacada pelo fenômeno aterrorizante. No começo tudo parece interessante e amigável, mas quando Carol Anne desaparece misteriosamente, a família resolve chamar um grupo de parapsicólogos para investigas os eventos paranormais e resgatar a garotinha com vida.

Diane e Steve Freeling, o casal perturbado.

Os mais íntimos já devem saber que rolou uma espécie de maldição enquanto gravavam os filmes da franquia Poltergeist. Foram várias pessoas mortas no período, e muitos outros acontecimentos intrigantes. O filme transmite uma forte emoção familiar, sentimos o que é perder um filho, o calor humano. Na época, o que estava entusiasmando os produtores do horror eram os filmes slashers, aqueles com seriais killers mascarados, adolescentes mortos e banhos de sangue; já Poltergeist tomou outro rumo, mostrando um sentimento amoroso de "mãe e filha" que combina perfeitamente com o terror, realçando o contrário. Obviamente, muito disso vem pelo envolvimento de Spielberg na franquia, o diretor sabe entregar as emoções que vão conquistar qualquer tipo de público.Tobe Hooper, por outro lado, introduziu o gore necessário e as situações exageradas; essa junção transforma o filme em divertido, assustador e muito cativante.

Lembrando que os Freeling não representam uma família totalmente tradicional, pois o casal possui suas extravagâncias quando estão longe dos filhos, como fumar maconha da melhor forma: deitados, assistindo televisão e conversando sobre a juventude. Eles têm a mente aberta para a realidade, e isso vai ser importante no enredo.

O fenômeno poltergeist é bem diferente de uma assombração, enquanto as assombrações estão ligadas a um local (como uma casa) e podem durar muitos anos, o poltergeist está ligado diretamente com um individuo, e podem desaparecer inesperadamente. Em uma noite chuvosa, Carol Anne presencia o evento saindo de sua televisão e entrando nas paredes da residência, provocando um breve terremoto. Esse é o primeiro sinal de muitos, pois logo no dia seguinte, durante o café da manhã, garfos e colheres são encontrados dobrados, cadeiras empilhadas de uma maneira impossível... É muito interessante como os eventos curiosos vão sendo mostrados aos poucos, deixando o público, assim como a família, totalmente envolvidos na situação.

Steve trabalha vendendo casas na corretora que vem construindo a “vizinhança assombrada”, e logo desconfia das atividades suspeitas em sua residência. No entanto, ele é surpreendido na noite em que volta do trabalho, e sua esposa animada (já consciente do poltergeist) lhe mostra as cadeiras se movendo sozinhas na cozinha. Enquanto Diane acha tudo incrível, o homem fica aterrorizado.

Stranger Things provou e aprovou essa premissa!

Carol Anne desaparece durante a trágica noite em que rola uma tempestade bruta na vizinhança, provocando um pequeno tornado. É como se os espíritos aproveitassem o evento natural para se revelarem malignos e com segundas intenções. A velha árvore que tem no quintal ganha vida (!!!) e tenta engolir o garoto Robbie, quando Carol Anne é deixada desprotegida em seu quarto, o poltergeist consegue pegá-la, em uma das cenas mais lindas do filme. A trilha sonora de Jerry Goldsmith é um espetáculo fascinante, ouvi-la trovejando com as luzes brilhantes proporcionadas pelo fenômeno é maravilhoso e sobrenatural. A crítica construída pelo filme é imensa, desde o flerte de sedução que os humanos tem com os mortos, até mesmo o fato de usarem uma televisão para se comunicarem com nossa realidade. Eu, por exemplo, quase toda noite coloco alguma fita VHS para dormir assistindo, e sempre acordo em algum momento com a televisão na estática (isso ocorre, pois após o termino da projeção, a televisão continua no canal 3). O filme tocou em um fator interessante, porque nos anos 80, isso era bastante comum de acontecer. Tenso.

Os caças-fantasmas versão genérica (e assustada)!

Na realidade, tudo isso está acontecendo porque a vizinhança vem sendo construída em cima de um antigo cemitério indígena, onde retiraram somente as lápides e não os corpos. Tudo isso foi coordenado pelo patrão de Steve, o sacana Sr. Teague (James Karen, de A Volta dos Mortos Vivos), que basicamente mentiu sobre a locação para conseguir deslanchar as vendas. Contudo, essa mitologia indígena é somente explorada no segundo filme. Lembrando que, curiosamente, temos a participação de William Vail e Lou Perryman, conhecidos por interpretarem Kirk e L.G, respectivamente, na franquia O Massacre da Serra Elétrica (outro eterno fruto de Tobe Hooper).

Carol Anne começa a se comunicar com a família por meio da televisão, presa na realidade paralela (Will Byers mandou um abraço kkkk). Sem opções, a família procura a ajuda de um grupo de especialistas sobrenaturais, formado pela Dra. Lesh (Beatrice Straight), a qual se envolve emocionalmente com Diane, pela situação “mãe procurando filha”. Temos também o negão esperto Ryan (Richard Lawson) e o magrelo afobado Marty (Martin Casella). Em uma cena, Ryan conta que a maior manifestação de outro mundo que já presenciou, foi um carrinho de brinquedo que, sozinho, andou 3 metros em 7 horas. Quando entram na residência dos Freeling e encontram objetos desgovernados pelos ares, eles percebem que aquilo é muito maior do que pensavam.

Não tem como fugir do passado.

Temos inúmeras cenas bizarras: brinquedos voando, utensílios domésticos saindo do lugar, relâmpagos inesperados... Até um dos psicólogos é mordido por um ser de outra realidade (!!!) e depois acaba tendo visões de auto mutilação em seu rosto, arrancando pedaços com as próprias mãos! Cada contato com Carol Anne pela televisão é emocionante; presa nesse “plano espiritual”, a menina se vê encurralada pelo mal desconhecido, afirmando que um ser físico (um homem) a persegue e quer guiá-la para a luz.

A icônica médium Tangina só aparece no terceiro ato, interpretada pela incrível baixinha de voz esganiçada Zelda Rubinstein, que também fez caras e bocas na pérola trash Os Olhos da Cidade São Meus (1987). Ela marca presença, sempre com expressões profundas e humor sábio. Tangina terá um papel muito importante na trilogia, e principalmente na estrutura da família. Após sentir a manifestação na casa, ela percebe que o poltergeist na verdade são inúmeras almas perturbadas que estão presas naquele lugar sem rumo, devido ao cemitério indígena localizado abaixo da vizinhança. Essas almas procuram um meio de retornar para a luz, de encontrar seu rumo, mas somente Carol Anne pode guiá-las.

Essa mulher nasceu para isso!

O emocionante resgate de Carol Anne é provavelmente o ponto mais emocionante do filme, entretanto, não é a cena final. Quando pensamos que a residência está “limpa” de toda a negatividade (principalmente exposta no “armário amaldiçoado”), somos surpreendidos com um ótimo clímax, onde os espíritos tentam mais uma vez atacar a garotinha. A película mostra sua ambição nos efeitos especiais inovadores, com explosões, esqueletos e muitos gritos. Nem mesmo a residência é perdoada, ao ser basicamente sugada por um portal ultradimensional, deixando apenas um terreno com destroços (o local será explorado no próximo filme, pois contem o cemitério abaixo). Também preciso mencionar a ausência da personagem Dana (a filha mais velha dos Freeling) que vive sumindo propositalmente durante o filme. Acontece que devido à trágica morte da atriz Dominique Dunne (interprete de Dana), assassinada pelo namorado após as gravações, fica visível que a produção descarta a jovem em muitos momentos.

Sem alternativas, a família Freeling foge sem rumo, tentando se afastarem desse mal inesperado. Do mesmo jeito, sabemos que um poltergeist está ligado diretamente a um indivíduo, e não a um local, então essa história macabra ainda ter fôlego para continuar! Como é de costume nos filmes do Spielberg, o final não deixa muitos ganchos para continuações (a obra fecha seu circulo sem deixar muitas respostas), mas sentimos que a família Freeling ainda vai ser perturbada por um bom tempo, mesmo se continuarem fugindo...

O verdadeiro charme da época.

O próximo filme foi lançado somente 4 anos depois, em 1986, continuando a história com basicamente todo o elenco original de volta. Poltergeist – O Fenômeno (1982) não é uma produção para tremer de medo, mas sim para se emocionar de uma maneira que os outros filmes de terror não conseguem nos proporcionar. Vale a pena ser assistido sempre que possível, e continua sendo o mais clássico da franquia (mesmo eu tendo um guilty pleasure muito grande pelo segundo e terceiro capítulos). Também tivemos um remake lançado em 2015, imitando, mas não igualando. Independente de todas as intrigas, a união de Hooper e Spielberg sempre será lendária, misturando amor e ódio, terror e emoção, trash e clássico... Uma obra prima!
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TRAILER DE 1982:

CURIOSIDADES:
1) Na versão final do filme, existe um corte brusco na cena em que Diane mostra a cadeira se mexendo para seu marido, já cortando diretamente para eles conversando com o vizinho sobre os eventos (bem visível na fita VHS). Isso ocorre porque Steve mencionava que "odiava Pizza Hut" e, aparentemente, a famosa companhia de pizzas se sentiu ofendida!

2) O filme que aparece na televisão logo no começo é Dois no Céu (1943), que posteriormente foi refilmado pelo próprio Spielberg com o título de Além da Eternidade (1989).

3) Em uma das cenas, o garoto Robbie é estrangulado pelo boneco de um palhaço. Mais tarde, foi revelado que a cena foi acidentar, e o ator mirim Oliver acabou sendo estrangulado de verdade (!!!). Demorou para a equipe perceber o erro, e o menino quase morreu sufocado.

4) A franquia sofreu com a chamada "Maldição de Poltergeist", após muitos membros do elenco e produção morrerem depois das gravações (mais informações serão publicadas no nosso artigo sobre o assunto, em breve no blog).

5) O ator Richard Lawson (interprete de Ryan), sobreviveu a um acidente aéreo em que 27 pessoas morreram! O voo da USAIR caiu nas águas de Long Island em 22 de março de 1992.

6) Drew Barrymore foi considerada para o papel de Carol Anne, mas Spielberg queria alguém mais "angelical". De qualquer jeito, Barrymore conseguiu entrar no elenco de E.T - O Extraterrestre.

7) No primeiro teste para Carol Anne, a garotinha Heather O'Rourke não conseguia para de rir e brincar (mesmo precisando demonstrar medo), pois era muito pequena para levar o papel a sério. Mas ele viu algo especial nela, e pediu um segundo teste, dessa vez, trazendo um livro de terror para a menina. Ele também pediu para ela gritar, e ela gritou e gritou até começar a chorar! Assim conseguiu o papel.

8) Para demonstrar os medos de Robbie, Spielberg usou seus próprios receios de quando era criança, como palhaços e uma velha árvore assustadora pela janela.

9) JoBeth Williams estava hesitando para gravar sua cena na piscina com os esqueletos, devido ao equipamento elétrico posicionado no local. Para convencê-la, Spielberg rastejou para dentro da piscina e falou, "agora, se alguma luz cair, vamos ser fritados juntos". Funcionou, e eles gravaram a cena.

10) O filme foi indicado a três Oscars: Melhores Efeitos Especiais, Melhores Trilha Sonora e Melhor Efeitos Sonoros.


CONTAGEM DE CORPOS (número não exato):
Marty (em alucinação): possuído após ser mordido por um espírito e comer um pedaço de frango com vida, arranca os pedaços da própria cabeça até virar um esqueleto.
Passarinho Tweet: morto por causa natural (ou não rsrs).