quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Natal Sangrento 2 (1987) - Crítica Especial de Natal

AVISO DE PERIGO: essa crítica é detalhada e contém SPOILERS, portanto se ainda não conferiu o filme, leia por risco próprio.
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Natal, meus amigos! O que o Natal reserva pra gente? Um belo pernil em união com os familiares? Uma bela dose de conhaque com os amigos? Ou aquele lindo sangue sendo derramado na tela do cinema? Essa data não é brincadeira. Quem escreve essa crítica não é um homem religioso, mas o Natal eternizou um momento interessante na minha vida. O Natal é uma data de união, uma data sangrenta para os fãs de terror. O champanhe, o peru, as risadas... Tudo combina de uma maneira impressionante. Essa época é reservada para beber com os amigos, jogar conversa fora e brindar pela data. No entanto, os filmes natalinos continuam marcando presença ano após ano, desde os clássicos da Sessão da Tarde (como Esqueceram de Mim e Edward Mãos de Tesoura) até os slashers sangrentos, que fizeram questão de explorar a “noite mais feliz do ano” com uma intenção um pouco mais ousada. Lembrando que a crítica do primeiro Natal Sangrento já está disponível aqui no blog (clique aqui), assim como o filme completo para ser degustado (clique aqui).

Esse é o segundo especial de Natal do Portal Tartárico, e desta vez estou analisando o filme Natal Sangrento 2, lançado em 1987, três anos após o primeiro ter sido exibido. A franquia Natal Sangrento não consiste apenas em filmes de matanças tradicionais, se trata de uma obra que precisa ser analisada e admirada todos os anos, em dezembro. A premissa desses filmes, as trilhas sonoras, o espírito e a estética são marcantes. Quem nunca brindou um champanhe e acompanhou os assassinatos de Billy Chapman? Poxa, é Natal! Todos sabem que o gênero “slasher” – imposto no final dos anos 70 – sempre ousou explorar as datas festivas para contar suas histórias, assim como Halloween, Sexta-Feira 13, Dia dos Namorados Macabro, Reveillon Maldito... Mas o Natal foi retratado perfeitamente nessa franquia. Eles respeitaram a data, respeitaram o cinismo e o clima de união, e foram além disso, introduzindo o sangue e o drama.

Natal Sangrento 2 não é um bom filme. Na verdade, ele honra o primeiro com lealdade, mas sem criatividade. Isso porque os primeiros 40 minutos do filme se limita em um extenso flashback do filme anterior, narrando todos os detalhes de Billy Chapman e seu passado traumatizante, porém do ponto de vista do seu irmão mais novo, Richard "Ricky" Caldwell (Eric Freeman, em seu único filme), agora adulto e internado em um hospital psiquiátrico. No desfecho de Natal Sangrento, após a morte de Billy no orfanato Saint’s Mary, fica evidente que Richard se tornaria o serial killer, ao dirigir a palavra naughty para a freira carrasca Madre Superiora. Por falar nisso, “naughty” acabou se tornando a palavra chave da franquia, sempre que alguém é chamado dessa maneira, pode crer que vai morrer.

Um Natal um pouco menos sangrento!

Entretanto, esse filme se destaca pelo clima pessimista e melancólico, principalmente no começo, quando a premissa da história é introduzida. Richard e o psicólogo juntos na sala de interrogatório entrega uma boa química, ele conta seus problemas dramaticamente, tornando as coisas um pouco mais interessantes. O problema é que o cara é um péssimo ator, até mesmo o ZELADOR encanado do hospital consegue ter uma atuação mais convincente. Sem brincadeiras, o cara até tem um bom timbre de voz, mas não convence em nenhum momento. E com certeza, as caras e bocas forçadas são o auge desse protótipo de ator.

O filme até tira onda com si próprio, mostrando que “o rolo de gravação” (usado pelo psicólogo para gravar toda a confissão de Richard) acaba antes do esperado, como se fosse uma looooooonga história. Não funciona, nitidamente é visível que ele abusa do primeiro filme, o usando como se fosse uma forte válvula de escape para manter o clima natalino sangrento. Os próximos filmes, apesar de serem razoáveis em seus propósitos, conseguem mostrar mais originalidade e histórias distintas da entregue até então, mas isso é uma conversa para os próximos anos.  

Richard, na pior atuação da história.

O extenso flashback incomoda em certos momentos, mas se você estiver no clima natalino vai conseguir digerir as cenas com facilidade, e de quebra ainda consegue relembrar vários momentos icônicos do primeiro filme. O problema são os evidentes furos de roteiro, risíveis e irritantes. A maneira que Richard conta a história deixa a impressão que ele vivenciou todos os momentos do filme anterior, sendo que na época era apenas um garoto com pouco espaço no roteiro. Ele até conta o que a polícia fez naquela noite! Como diabos o filho da puta sabe disso?

O maior furo de roteiro com certeza é o fato de Richard saber, em detalhes, todos os passos do irmão naquela véspera de Natal de 1984. Eles haviam se encontrado apenas no finalzinho do filme, e basicamente não trocaram nenhum palavra, pois Billy foi baleado antes. Como diabos ele sabe de tudo? Somente o próprio Billy poderia saber todos os detalhes e as sequências que ocorreram naquela noite, como os assassinatos na loja do Sr. Sims, a invasão na residência da putinha interpretada por Linnea Quigley e o posterior assassinato de dois jovens babacas que estavam zoando com um trenó roubado. A maneira que Richard narra a história da a entender que nem mesmo os próprios policiais estavam cientes de todos os detalhes, então é bem menos provável que Richard soubesse destas informações.

O eterno Billy Chapman, nosso querido assassino Noel.

Assistindo novamente aos dois primeiros filmes da franquia Natal Sangrento, eu consigo perceber o quanto a “boa atitude” é pregada, diferente de outros filmes de terror. Fez algo ruim? Vai morrer. Cometeu algum erro no passado? Vai morrer. Transou? Vai morrer. BEIJOU NA BOCA?? Vai morrer! A palavra “naughty” nunca foi tão forte. Não são dezenas de mortes como na franquia Sexta-Feira 13 e seus derivados, mas todas são diferentes e bem criativas. Até então, o machado vermelho (aquele de emergência usado pelos bombeiros) estava se profetizando como símbolo da franquia, portados por Billy e Richard, que, claro, consegue fugir da prisão em dado momento do filme, algo que já vamos conversar logo menos.

Uma boa parte do body count desse filme é mostrado nos flashbacks, denunciando a falta de ambição do roteiro. Destaque para a morte onde Richard enfia um guarda-chuva em um agiota, fazendo o instrumente atravessar o estômago da vítima e abrir do outro lado, totalmente ensanguentado. Outro momento interessante é quando Chip, um rapaz tarado e irritante, tem um cabo de transferência de energia enfiado na boca, eletrocutando seu semblante até os olhos explodirem! O filme comete o erro de tratar o Natal como uma data presente o ano todo, sendo que ocorre somente em UM DIA. Todos sabem que em 24/25 de dezembro o Natal é comemorado, mas a produção ousa em martelar que “o tempo do Natal é o pior de todos”, como se fosse frequente, diário. Vocês se lembram de filmes como Um Herói de Brinquedo? Se passa no Natal, mas não enche o saco de ficar te lembrando disso toda hora. O Natal é apenas o plano de fundo desse filme, porém a data acaba afetando muito as motivações do protagonista.

Criatividade sempre marcando presença.

A frase final de Billy “you are safe now. Santa Claus is gone.” tinha um final poético. Ao mesmo tempo em que ele morria vestido de Papai Noel, o símbolo traumatizado de sua infância, a imagem do Papai Noel, para ele um ser assassino e cruel, estava morrendo junto. O Natal havia acabado, Billy deixou isso bem claro, pois seus problemas e traumas eram diretamente ligados com a data, assim como sua própria vida, tirada dele no mesmo dia. Nada mais justo que o personagem tenha um arco completo no dia 25 de dezembro, morrendo como vilão e herói. Mesmo com todas as bizarrices desnecessária, Billy era um assassino totalmente compreendido, suas motivações eram bem explicadas, e ele puniu somente quem considerava más pessoas, aquelas que davam maus exemplos. Já seu irmão Richard não tem essa carga dramática e motivadora, mesmo também tendo passado por inúmeros traumas. A impressão que fica é que Richard é um rapaz mimado e afetado que usa a imagem negativa do irmão, a natalina, de argumento para iniciar uma nova matança.

Você não amava essa guria???

Somente na metade do filme a vida de Richard começa a ser contada, mostrando que ele foi adotado por uma família, os Rosenbergs, ainda uma criança de 12 anos. Ao contrário do irmão, Richard desenvolve trauma pelas freiras, ao invés de pelo Papai Noel. Obviamente o tratamento rígido da freira maldita Madre Superiora tem a capacidade de foder o moral de inúmeras crianças, principalmente dos herdeiros da família Chapman. A personalidade frustrada de Richard vem a tona logo após a morte de seu pai adotivo, quando andando pela floresta, acaba presenciando uma garota quase sendo estuprada por um maluco idêntico ao ator Neil Affleck, deixando Richard descontrolado. Ele não hesita em atropelar o “estuprador” com um jipe, entregando a primeira morte que, de fato, é inédita desse filme, pois até então só havíamos visto as baixas do filme anterior.

Agora falando dos clichês oitentistas, são inúmeros, até mesmo trilha sonora romântica (com saxofone) no momento em que uma bela mulher aparece. As frases também sempre procuram serem de efeitos, principalmente por parte de Richard, fazendo de tudo para assustar o psicólogo que fica o filme inteiro ouvindo sua história. Com uma hora de filme, Richard conta sobre o momento em que conheceu Jennifer (Elizabeth Kaitan, de Sexta-Feira 13 Parte 7), “a única coisa na vida com que me importei”, segundo suas próprias palavras. Apesar de ser uma mulher bonita, a cena é ridícula, mostrando Richard (com sua bela atuação de ator pornô), sendo basicamente atropelado pela moça, que sai do carro logo em seguida já balançando o corpo e sorrindo maliciosamente para o rapaz. Na próxima cena eles já estão juntos na estrada, na bela moto de Richard, como se já se conhecessem desde sempre. Cinco minutos depois, adivinhem?? Sim, já estão transando. O roteiro procura os meios mais fáceis e rápidos para contar sua história, levando em conta que nessa etapa faltam apenas 20 minutos para o filme acabar. Estão vendo o porquê aquele flashback inicial atrapalha tanto? Podiam ter usado esse tempo para desenvolver melhor as motivações frustradas do atual protagonista, e com certeza podiam ter arranjado um ator decente.

Uma bela morte, de fato.

A cena em que Richard e Jennifer vão ao cinema é uma das coisas mais toscas que já vi num filme de terror. Cenas mal feitas, diálogos sofríveis e situações deploráveis, como o jovem irritante que fica falando durante o filme inteiro, tumultuando as pessoas, e provocando Richard até o garoto ficar puto. Sem mencionar que o filme passando no cinema nada mais é que cenas do primeiro Natal Sangrento (??????), já não bastasse o imenso flashback inicial, ainda colocaram mais momentos do filme anterior nesse aqui. Isso sim que eu chamo de uma bela picaretagem cinematográfica, meus amigos.

Em certo momento, durante um passeio, Richard surta novamente e assassina Jennifer no meio da rua! Em seguida, desarma e mata um policial babaca. A partir desse momento, o rapaz simplesmente sai pelas ruas da cidade metendo tiros em todo mundo da vizinhança, explodindo carros, em plena luz do dia! Me desculpem a expressão leitores, mas é a PIOR ATUAÇÃO em qualquer filme, esse desgraçado fica forçando a boca e arregalando os olhos sem parar, rindo e agindo de maneira afetada. A cena do GARBAGE DAY é um dos momentos mais horríveis que já vi, ridículo como olharam para esse merda e falaram “é um bom ator”... Acham que estou exagerando? Vou deixar no final da crítica um trechinho do filme para vocês verem o nível de atuação desse homem. Lamentável? Virou até meme!

KKKKKKKK OLHA A CARA DESSE PUTO!

E com certeza, o filme vale a pena ser conferido só pela presença do camarada da foto ai em cima. Faltando 10 minutos para acabar o filme, esse puto finalmente mata o psicólogo que lhe interrogava e consegue fugir do hospício, obviamente numa véspera de Natal. Após arranjar uma roupa de Papai Noel, ele parte para mais assassinatos, soltando a frase “Santa is back” e quebrando completamente a mensagem deixada pelo seu irmão no último desfecho. Billy era dramático, denso, emotivo em seus atos, sempre procurando passar alguma mensagem envolvendo disciplina e punição. Richard parece apenas estar se divertindo. Nessa etapa o filme aborda os temas que prometeu até então, o nosso querido Natal, no caso.

A pergunta que não quer calar? Finalmente veremos a freira Madre Superiora (agora interpretada por Jean Miller) pagando pelos seus pecados e sendo morta? SIM! Richard pelo menos consegue cumprir a missão final de seu irmão e por um fim na rígida velha, que inclusive usa cadeira de rodas (já mostrado no filme anterior) e agora possui uma grande cicatriz que cobre metade de seu rosto. Mas nem tudo são flores natalinas, pois Richard enrola um bom tempo para matar aquela desgraçada. Além de ser um péssimo assassino, ele ainda é molenga, deixando a velha (CADEIRANTE) fugir inúmeras vezes e quase lhe esfaquear! No final, mantendo o padrão, a Madre Superiora é encontrada decapitada, e Richard é brutalmente baleado pelos policiais, um pouco antes de quase assassinar a freira gente boa Margaret, que já havia ajudado seu irmão no primeiro Natal Sangrento. Vocês acham que o filme termina assim? Claro que não! De última cena ainda temos o desprazer de ver Richard sorrindo para a câmera, deixando aberto se ele realmente morreu. ALGUÉM QUER VER ESSE MANÉ EM OUTRO FILME?? DEIXA MORRER PORRA! Saudades do velho Billy e seu machado pingando sangue pela neve.

Ah, Madre Superiora... Você mereceu!

Natal Sangrento 2 se sustenta em algumas cenas, mas se destrói em outras, Billy Chapman não é honrado, somente lembrado. O novo serial killer deixa a desejar principalmente pela personalidade mal desenvolvida, deixando ainda mais saudades do filme anterior, que era simples e muito eficaz. Claro, se você quer dar uma boa risada com os amigos, vale a pena beber umas cervejas na véspera de Natal e maratonar a franquia Natal Sangrento, ela sempre vai ser o verdadeiro símbolo natalino do Portal Tartárico. Ano que vem teremos muitas conversas e novidades por aqui, e com certeza nos encontraremos novamente no próximo Natal, para relembrarmos mais momentos que o terror deixou marcado nessa data tão querida para uns e tão macabra para outros. O Natal… O vermelho do Natal… O vermelho do calor… O vermelho do sangue! Gostaria de desejar um bom ano para todos que acompanham o blog, e ter a sádica esperança de que podemos passar mais vários juntos, compartilhando as pérolas do horror e da ficção científica. Nos vemos ano que vem, amigos! #Cheers
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TRAILER DE 1987:
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TRECHO DA MELHOR ATUAÇÃO DA HISTÓRIA:
CURIOSIDADES:
1) As sobrancelhas de Richard sobem e descem 130 vezes durante sua atuação canastrona.

2) Darrel Guilbeau, que interpreta Richard com 15 anos, na verdade tinha 24 anos durante as filmagens.

3) O endereço da Madre Superiora é 666.

4) A cena que Richard baleia um homem que levava o lixo para fora da residência, gritando "garbage day", acabou gerando inúmeras montagens anos depois, na época da internet. Atualmente são centenas de vídeos no Youtube que mostram a famosa cena.

5) Em 2004, os criadores do filme tentaram entrar em contato com o ator de Richard, Eric Freeman, para ele ser incluso nos comentários extras do DVD, mas não conseguiram encontrar o rapaz. Deste então, Freeman foi visto apenas mais uma vez, quando o filme foi exibido em 2013.

6) Filmado em 10 dias.


CONTAGEM DE CORPOS (27):
Assassino Papai Noel (em flashback):
Dono do mercadinho: baleado em assalto.
Jim: baleado dentro do carro.
Ellie: violentada e posteriormente tem a garganta cortada.
Assassino Billy Chapman (em flashback):
Andy: enforcado com pisca-pisca.
Pamela: estômago aberto com faca.
Ira Sims: golpeado na cabeça com martelo.
Helen: flechada no estômago.
Denise: pregada nos chifres de um alce empalado.
Tommy: arremessado por janela.
Mac: decapitado com machado.
Padre: baleado por escopeta.
Oficial Barnes: acertado com machado e arremessado da escada.
William: baleado pelas costas com escopeta.
Assassino Richard "Ricky" Caldwell:
Morty: morte offscreen.
Eddie: atropelado várias vezes por jipe.
Rocco: peito empalado com um guarda-chuva.
Chip: eletrocutado com cabos de transmissão e bateria de carro.
Jennifer: estrangulada com antena de carro.
Policial: baleado na cabeça.
Morador #1: baleado no peito.
Morador #2: baleado no peito.
Motorista: carbonizado em explosão de carro.
Doutor Henry: estrangulado com fita magnética.
Papai Noel: morte offscreen, roupas roubadas.
Madre Superiora: decapitada por machado.
OUTRAS MORTES:
Billy Chapman (em flashback): baleado por policiais.
Richard "Ricky" Caldwell: baleado por policiais.

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