sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

A Hora do Pesadelo 3 - Os Guerreiros dos Sonhos (1987) - Crítica

AVISO DE PERIGO: essa crítica é detalhada e contém SPOILERS, portanto se ainda não conferiu o filme, leia por risco próprio.
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A Hora do Pesadelo 3 – Os Guerreiros dos Sonhos (1987) é, talvez, o melhor filme da franquia depois do original de 1984 (clique aqui para ler a crítica). Em poucas palavras, é clássico, assustador e o maior responsável por apresentar diversos elementos que se tornariam marca registrada dos filmes. Fortemente conhecido pelo título Dream Warriors (original em inglês), a trama volta naquele agonizante tom onírico que vimos no primeiro filme, principalmente por trazer antigos personagens de volta (um dos fatores mais satisfatórios) e tratar novamente os sonhos de uma forma abominável. Isso sem contar a abordagem diferente, apresentando um estilo mais marcante na projeção (principalmente devido a excelente trilha sonora remetente à época e enredo repleto de características únicas).

É foda poder falar sobre um filme que gosto muito, especialmente porque esse marca o fim de uma memorável fase na franquia do sangrento Freddy Krueger; no próximo filme, já seremos “presenteados” com enredos parcialmente broxantes (mas ainda com bons momentos). Muito disso vem da forma que vão começar a tratar Freddy, mais como um protagonista (a estrela principal do filme), do que como vilão obscuro e amedrontador. Por enquanto, não havia filmes ruins na franquia (o segundo deu algumas vaciladas, mas manteve o padrão), ainda mais com o lançamento de Os Guerreiros dos Sonhos em 1987. É claro, muito desse mérito vem pelo envolvimento do mestre Wes Craven (criador da franquia), que esteve presente nesses três primeiros atos; aqui ele volta novamente, só que deixando a direção para Chucky Russell (que também fez A Bolha Assassina no ano seguinte), como todos devem deduzir, outra obra brilhante surgiu nos slasher movies. Acontece que após Os Guerreiros dos Sonhos, Craven voltaria somente no sétimo capítulo... Oportunidade perfeita pra franquia cair em produções lazarentas de horrendas! Podiam ter parado após esse filme, mas claro, assim como na franquia Sexta-Feira 13, o dinheiro sempre falou mais alto. Eram produções de “baixo orçamento” que traziam um ótimo retorno e eram sucessos de bilheteria e público... O problema foi a falta de criatividade (parecido com o que ocorre com alguns seriados atualmente). Por sorte, não precisamos entrar nesse assunto, porque o capítulo de hoje é muito bom!

Originalmente, Wes Craven queria que Freddy invadisse de vez o mundo real, com todos os seus poderes no auge, causando horrorosos transtornos para os jovens protagonistas. No entanto, a ideia não foi aprovada pelos engravatados da New Line Cinema, e por sorte essa trama não foi descartada, pois acabou sendo usada em A Hora do Pesadelo 7. O conceito original era muito mais focado na premissa do suicídio, mostrando jovens depressivos dormindo de propósito para serem atacados por Freddy (basicamente entregando sua vida para a morte); a ideia não foi utilizada devido ao tabu social que se tornou o suicídio, mesmo assim, inúmeros fatores continuaram fortes, como Freddy fazendo suas vitimas se auto-mutilarem para parecerem suicidas e serem consideradas loucas. Os sonhos são universos únicos criados por cada um, e essa abordagem não tem como dar literalmente errado. É assustador pensar que isso pode acontecer nas profundezas da mente. Eu mesmo fui introduzido nesses filmes pela minha linda mãe, quando era um mero pupilo, criancinha inocente; desde então, sempre fui apaixonado pelo gênero sangrento (principalmente na época representada antes dos anos 2000) e Freddy Krueger já me provocou belos pesadelos, algo muito interessante, pois a atmosfera é tão única e marcante, que gerava memorias iguais: o mesmo sonho várias e várias vezes (contarei essas histórias pessoais na análise completa do personagem Freddy Krueger que será publicada em breve).

Assim como Nascido para Matar (também do mesmo ano, 1987), esse capítulo pode ser dividido facilmente em duas partes: a primeira basicamente impecável em seus argumentos, lançando ótimos momentos para o subconsciente do público; já a segunda metade é lembrada pela queda de ritmo, mas ainda mantendo suas qualidades. Vocês vão me entender logo menos, portanto vamos começar:

Esse filme é uma obra!

Após os eventos de A Vingança de Freddy (clique aqui para ler a crítica), temos novamente uma história diferente, pois os acontecimentos envolvendo o nosso último protagonista, Jesse Walsh, e sua “namorada” Lisa Webber, são deixados de lado para apresentar uma história com MUITO mais potencial e complexidade. Inclusive, nada que aconteceu no filme anterior é mencionado aqui (somente a antiga residência na Rua Elm, que nessa etapa, se tornou algo muito mais importante que apenas uma casa soberba).

A protagonista da vez é Kristen Parker (Patricia Arquette), garota esperta que tem a capacidade de puxas outras pessoas para dentro dos seus sonhos. Isso mesmo. Ela consegue trazer quem quiser para suas experiências oníricas; é revelado que a garota tinha o costume de trazer seu pai para os sonhos (personagem nunca apresentado no filme) principalmente para sentir-se segura diante dos eventos. Interessante, que no dia seguinte, ele sempre revelava para a filha que sonhou com ela, pouco sabendo o que realmente aconteceu. Kristen é como qualquer garota de sua idade e, sinceramente, o roteiro não procura nos aprofundar em sua personalidade durante nenhum momento, do mesmo jeito ainda gostamos de sua performance: ela é muito bonita, dramática e tem um baita grito!

Uma nova dinâmica em pesadelos!

Esse filme é o primeiro que se inicia com uma frase escrita antes do título principal aparecer (a franquia utilizará esse charme nos próximos capítulos), e desta vez temos escrito: “Sono, pedaços da morte... Como eu abomino”; essas frases sempre são boas para entrar no clima que o filme nos passa, lembrando o público brevemente para esquecer seu exterior e focar no universo dos sonhos (ou pesadelos), algo que todos temos perdidos nas profundezas da memória, querendo ou não. A franquia nos apresenta um tema delicado que sentimos todas as noites, mas não comentamos muito durante o decorrer do dia. É uma mensagem oculta que se resume no nosso pessoal.

Logo no começo da película, vemos Kristen tentando permanecer acordada em seu quarto, altas horas da madrugada. Ela está construindo uma maquete de uma casa que sempre aparece em seus sonhos (a antiga residência de Nancy Thompson na Rua Elm), e basicamente termina o projeto antes de ligar o rádio para permanecer acordada (a garota ainda toma café em pó com Coca Cola!). Pequena curiosidade: temos versões diferentes do filme lançadas para fitas VHS e DVD, porém a versão da fita é muito mais gratificante, pelo simples fato das músicas serem melhores selecionadas; aqui, por exemplo, quem assistir em VHS ouvirá uma versão instrumental de Quiet Cool (Joe Lamont) basicamente nos entregando aquela atmosfera oitentista que tanto agrada.Não deviam ter feito nenhuma alteração ao mudarem de mídia, isso sempre corta o tesão. Como sempre, deixarei uma lista com o link das melhores músicas no final da crítica!

Enfim, de um jeito ou de outro, Kristen acaba dormindo e temos o primeiro pesadelo do filme (muito bom, por sinal). A garota sonha com a residência na Rua Elm e acaba trombando com Freddy Krueger lá dentro (novamente interpretado por Robert Englund). A cena que o assassino surge é linda, vindo correndo lá do fundo de um longo corredor, enquanto vemos Kristen tentando desesperadamente fugir sem conseguir sair do lugar... Leitores, mais alguém já teve esse tipo de sonho? Imaginar correr e correr sem sair do lugar... É simplesmente agonizante, ainda mais quando Freddy está vindo em sua direção com as garras em punho. Só essa cena antológica já entrega muitos medos que o subconsciente carrega em silêncio.

Kristen cortando os pulsos.

Ela consegue acordar, mas quando vai ao banheiro tromba Freddy novamente no reflexo do espelho: ainda era um pesadelo. Esse é um dos fatores mais lembrados dos primeiros filmes, não sabemos ao certo se a vitima está acordada ou dormindo. Tudo da errado, pois quando a mãe de Kristen entra no banheiro, encontra a filha cortando os pulsos com uma lâmina, visivelmente tentando se suicidar. Freddy armou a situação, tudo isso sem deixar rastros.

Para variar, sua ausente mãe, Elaine Parker (Brooke Bundy), acha que a garota está louca e a manda para um hospital psiquiátrico chamado Westin Hill, local onde vamos acompanhar o desenrolar da trama. Curiosamente, o hospital Westin Hill volta a aparecer em A Hora do Pesadelo 5 (1989) e Freddy vs Jason (2003). O local é perfeito para um filme de terror: cheio de longos corredores e quartos com grades nas janelas. No local trabalham algumas figuras interessantes, como o Dr. Neil (Graig Wasson), o coordenador principal do instituto, homem simpático e carismático, provando ser um grande personagem no ato final. Também temos o drogado que cuida da segurança, o zelador gente fina Max (interpretado por Laurence Fishburne, muito antes de trabalhar em Matrix) e a Dra. Elizabeth (Priscilla Pointer, de Carrie – A Estranha), uma velha carrasca que ninguém gosta.

Dr. Neil e a Dra. Elizabeth.

A mãe de Kristen basicamente abandona a filha nesse local, pouco se fodendo se ela está mesmo louca ou não. Acontece que naquele hospital, todos os jovens já estão tendo pesadelo envolvendo Freddy Krueger, mas os médicos continuam insistindo que isso não é nada, apenas traumas retraídos e outras baboseiras. Já sabendo da situação, ninguém menos que Nancy Thompson (Heather Langenkamp retornando no papel <3) resolve passar um tempo no local para investigar o que está acontecendo. É ótimo poder ver Nancy retornando na franquia, agora muito mais madura e segura de suas atitudes sutis; ela continua com aquela personalidade fina e simpática de uma adolescente colegial tímida, só que desta vez muito mais forte em experiência. Nancy virou uma psicóloga que trata dos sonhos, e sua chegada no hospital não foi coincidência, porque ela já desconfiava que Freddy estava se manifestando naquele local, principalmente ao ver a maquete de sua antiga casa, aquela que Kristen construiu na abertura. Detalhe: a canção de ninar de Freddy voltou com frequência nesse capítulo, diferente do antecessor, que a tocou apenas uma vez rapidamente.

O retorno da gloriosa Nancy!

Quem acompanha o Portal Tartárico sabe que eu sempre reclamo dos malditos jovens estereotipados que vivem infernizando esses filmes; hoje, por incrível que pareça, a situação vai ser diferente, pois temos personagens completamente interessantes e carismáticos! Todos estão internados no hospital, e descobrimos que cada um possui habilidades especiais quando sonham, devido a capacidade dos sonhos lúcidos: temos Kinkaid (Ken Sagoes) o negão gente boa, que em seus sonhos é extremamente forte (conseguindo até derrubar paredes). O sonâmbulo, Phillip “The Walker” (Bradley Gregg), que adora esculpir fantoches de corda. Will (Ira Stanton) um paraplégico cadeirante, que nos sonhos tem a capacidade de andar e se imagina um grande mago feiticeiro! Temos também a ex-viciada, Taryn (Jennifer Rubin), que se deslumbra como uma linda punk assassina quando sonha (!!!). O mudo (mas não surdo) com cara de galã juvenil, Joey (Rodney Eastman). E Jennifer, uma garota que deseja se tornar atriz de televisão. Juntos, eles formam as últimas crianças da Rua Elm, local onde seus pais queimaram Freddy vivo há muitos anos atrás.

Perceberam que cada jovem tem características diferentes? Isso os tornam únicos na trama, diferente de uma porrada de slashers que foram lançados somente na década de oitenta, onde os malditos jovens eram introduzidos aos montes somente para morrerem e aumentarem o visado body count; já Pesadelo 3 ensina que com um bom roteiro caprichado, muito pode ser feito de interessante e ainda manter o padrão que o gênero estabeleceu na época.

Um filme cheio de momentos marcantes.

Todos eles estão sonhando com Freddy já faz um bom tempo, e os pesadelos só se tornam piores. A galera faz de tudo para ficar acordada: se queimam com cigarro, inventam canções contra o sono e muitas outras coisas bizarras, como turnos para vigiar o parceiro de quarto enquanto ele dorme. É uma paranoia muito bem retratada, por isso que sempre falo o quão bom é assistir esses filmes logo no começo da madrugada. Foram feitos para isso.

Não demora muito para Kristen ter outro pesadelo, novamente um bastante lembrado, ao sonhar com Freddy (transformado em uma cobra gigante) tentando engoli-la por inteira. Desesperada, ela puxa Nancy para dentro do sonho, fazendo os dois se encontrarem novamente. Os efeitos do longa são muito bons para aquela época (a maioria prático). Um dos mais caprichados é quando Nancy cai na cadeira e acaba entrando no pesadelo; não parece efeito, é muito simples e real.

As duas conseguem escapar, e agora Kristen tem seu poder descoberto. Até ai tudo tranquilo, mas é naquela noite que tudo da errado, porque Freddy ataca o jovem sonâmbulo Phillip (em um dos meus pesadelos favoritos): quando o rapaz dorme, o assassino arranca para fora todos os seus nervos principais, os usando como cordas, e transformando Phillip em um fantoche humano (cada nervo esticado provoca um movimento involuntário, é genial). No mundo real, seu companheiro de quaro o vê andando tranquilamente com os braços esticados e, como é sonâmbulo, ninguém desconfia da situação.

Essa cena é perturbadora.

Freddy guia Phillip até o alto da torre para se jogar, como se fosse um suicídio. O drama só aumenta, porque o único que assiste a cena é Will, o cadeirante que não tem como correr para acudir, e adivinha quem é o único que está no local para sair correndo desesperado e procurar ajuda? Joey, justamente o mudo que não consegue falar nada! Sorte que o rapaz é esperto e bate com uma bandeja em todas as portas, acordando os funcionários e pacientes; mas já era muito tarde, porque Freddy corta as cordas (nervos), fazendo Phillip cair!

Lembram que Phillip adorava construir fantoches? É por isso que Freddy o matou dessa forma; a partir desse filme, a franquia começou a introduzir as conhecidas como “mortes características”, ou seja, cada personagem vai morrer de acordo com sua personalidade. Nesse capítulo isso ainda funciona bem, pois temos uma morte melhor que a outra, todas realmente criativas e não maçantes.

Já sabendo que os jovens estão perdidos, Nancy tenta convencer o Dr. Neil a receitá-los uma droga proibida que ela toma há algum tempo: o clássico Hypnocil (os amantes da franquia conhecem bem esse nome), um remédio experimental em comprimidos, que faz a pessoa parar de sonhar enquanto dorme. A droga também aparece em Freddy vs Jason (2003), já basicamente legalizada. É claro que o Dr. Neil não aceita a proposta, porque ainda não se ligou do que realmente estava acontecendo naquele hospital sombrio.

As seringas com heroína... Tenso.

Falando a respeito do Dr. Neil: no começo ele parece ser mais um pé no saco charlatão, no entanto, somos surpreendidos quando o rapaz vai ganhando espaço na trama para ter grande importância. Após acreditar na palavra de Nancy sobre os ataque de Freddy, o homem prova ser determinado e firme em seus atos (como na sequência que intimida John Saxon no bar). Em vários momentos do filme, o Dr. Neil encontra uma estranha freira com vestimenta branca, que sempre parece lhe dar bastante atenção no meio da multidão. Posteriormente, é revelado que essa freira misteriosa é ninguém menos que Amanda Krueger! Isso mesmo, mãe de Freddy! Finalmente a história por trás do assassino começa a ser contada nesse capítulo, pela própria Amanda (ela já está morta, mas faz essas sinistras aparições para o Dr. Neil, conseguindo ser tão assustadora quanto o filho). É revelado que Freddy foi gerado por essa freira, que após ficar presa em um hospício durante a noite, foi estuprada por centenas de lunáticos, assim gerando o pequeno Freddy Krueger; literalmente um “filho de cem loucos”. Agora já sabemos a primeira etapa da história do assassino, mas ainda existem muitas informações que serão reveladas posteriormente na franquia (muitas um tanto quanto desnecessárias).

Amanda conta também, que o único jeito de matar seu filho é enterrando seus ossos em solo sagrado (clássica mitologia alá Drácula).

Amanda Krueger, a primeira ligação com o passado.

As coisas só pioram no hospital: Jennifer dorme enquanto assistia televisão e acaba sendo pega em outra cena clássica; sabendo que o desejo da garota é se tornar apresentadora de TV, Freddy simula um programa de entrevista (disfarçado de apresentador) e depois enfia a cabeça da garota dentro da tela! soltando a clássica frase: “This is it, Jennifer, your big break on TV! Welcome to prime time, bitch!”, imortalizando essa sensacional sequência!

O mudo Joey também sofre muito, pois tem uma grande paixão pela enfermeira gostosona do hospital, que vive lhe lançando olhares afetuosos. Freddy, disfarçado como a loira peituda, seduz Joey até levá-lo em uma agonizante armadilha de língua (literalmente). O assassino acaba mantendo o jovem preso no pesadelo (algo inédito na franquia), o fazendo entrar em coma profundo... Bem tenso, não?

Desesperada, Nancy planeja que Kristen puxe todos para dentro do mesmo pesadelo, assim, unidos, eles serão fortes o suficiente para destruir Freddy; é daí que vem o título Os Guerreiros dos Sonhos. No entanto, é uma tarefa muito difícil todos entrarem no pesadelo ao mesmo tempo, e Freddy aproveita para eliminar um por um, detonando os jovens das formas mais criativas: por exemplo, a ex-viciada, Taryn, tem um destino um tanto quanto triste, pois em seu pesadelo, Freddy transforma suas garras em enormes seringas lotadas de heroína, injetando tudo nas veias da garota (!!!). Já o cadeirante Will tem um encontro com o Mestre dos Sonhos em um longo corredor escuro, e é recebido por uma cadeira de rodas satânica e desgovernada (é brilhante na premissa que, em nossos pesadelos, precisamos enfrentar nossos mesos, no caso de Will era a cadeira de rodas); o garoto consegue se transformar em mago feiticeiro e atacar Freddy com um feitiço, mas acaba sendo morto inutilmente. Os novados não tem chances.

"Sorry, kid! I don't believe in fairy tales!"

Destaque também para a cena que Nancy vai encontrar seu pai, com o Dr. Neil sempre na espreita (depois de basicamente "cair de paraquedas" nos acontecimentos). Ver o tenente policial Donald Thompson novamente é memorável (ainda interpretado pelo veterano John Saxon), agora muito mais amargurado e ressentido, bebendo solitário no bar, sempre com seu uniforme do trabalho. Ele continua achando que Freddy está morto, mas quando leva um esporro do Dr. Neil, sua ficha finalmente cai (só lembrando que tenho o costume de me chamá-lo pelo nome do ator). Enquanto Nancy se une com os Guerreiros dos Sonhos, o doutor e seu pai vão até um misterioso ferro velho abandonado, local onde se encontram os restos mortais de Krueger, para destruírem o que restou do demônio maldito de uma vez por todas.

Lembram que mencionei que uma parte desse filme tem certa queda de ritmo e qualidade? Pois bem, as sequências que acompanhamos os Guerreiros dos Sonhos se unindo no pesadelo são muito boas, nos presenteando com uma dinâmica inédita até então; já as cenas envolvendo o Dr. Neil e John Saxon "destruindo" os ossos de Freddy são um verdadeiro porre, principalmente porque os ossos do inimigo se unem e ganham vida inesperadamente, formando um esqueleto tosco!... É isso mesmo, a forma viva de Freddy no mundo real foi representada nesse maldito esqueleto, que ainda por cima, teve os efeitos especiais datados, e atualmente está realmente parecendo muito mal feito; semelhante com o que aconteceu na primeira representação estranha do T-800 em O Exterminador do Futuro (1984).

John Saxon ultradimencional.

Para piorar a situação, o pai de Nancy sai no soco com o esqueleto!!! Literalmente uma briga sem sentido algum! Eles podiam ter destruído a criatura de qualquer forma, até mesmo jogando água benta (algo que o Dr. Neil já havia preparado), mas o que temos é o grande John Saxon saindo no X1 com um animatronic bizarro... Calma, pessoal... Eu ainda não contei a pior parte... Depois de muito drama desnecessário e uma tensão duvidosa, essa caveira desgraçada MATA O JOHN SAXON!!! Não estou brincando, ela assassina o pai de Nancy! Sem mais nem menos! A cena é revoltante, pois a criatura simplesmente o arremessa contra um pedaço de ferro do carro abandonado (cravando em seu peito)... Mas que porra é essa?!

No pesadelo final, os jovens conseguem salvar Joey depois de muito drama (ainda rola a ótima cena em que o garoto berra pela primeira vez, ganhando novamente sua voz, e destruindo todos os espelhos que Freddy usava como conexão). Quando tudo aparentemente estava dando certo, Freddy se disfarça como o pai da Nancy e, pasme, ELE ASSASSINA A NANCY!!! CARALHO!... É simplesmente uma das maiores final girls do gênero, sendo morta de surpresa em um golpe baixo! Freddy realmente está inspirado nesse filme, conseguindo se vingar de todos que já lhe destruíram. Por sorte, ela consegue furá-lo com sua própria garra, ao mesmo tempo que o Dr. Neil enterra e destrói os restos mortais com água benta e um enorme crucifixo, fazendo Freddy basicamente explodir de dentro para fora (rodopiando pelo quarto enquanto jorra luzes fortes, em uma clássica morte). Apesar de todas as baixas e momentos constrangedores, esse final é bem remetente em dar um destino final aos que estavam envolvidos na história desde o primeiro filme, como Nancy e seu pai. É triste vê-los morrendo em questão de minutos, mas ficamos felizes que no final, tudo deu “certo”.

A união final.

Mas é claro, nada deu certo. Após o enterro no finalzinho do filme, Dr. Neil (o verdadeiro herói da história) descobre que aquela freira que havia visto era, na verdade, Amanda Krueger, a qual estava dando dicas de como eliminar seu filho desde a primeira aparição. Freddy também revela uma informação importante antes de morrer: o seu verdadeiro poder vem das almas de todas as crianças que já matou enquanto vivo (guardando o rosto de várias em seu corpo, lhe dando energia). Mas enfim, infelizmente, não vamos ter o Dr. Neil novamente no próximo filme; por sorte, uma boa parte dos jovens sobreviventes continuaram na trama, como Kristen, Joey e Kinkaid. Esse é lado positivo, no próximo capítulo teremos bons personagens de volta, mas em um roteiro duvidoso. Em Pesadelo 4 vamos ter muitas histórias para conversar, sem sombra de dúvidas! Por enquanto, de última cena, a produção nos mostra que o Dr. Neil acabou ficando com aquela maquete que Kristen havia construído na abertura do filme. A antiga residência na Rua Elm parece transcender uma forte ligação entre o mundo real e o imaginário, como se fosse um campo de conexão entre os sonhos e a realidade... Sem avisos, as luzes da maquete se acendem, e sabemos que teremos muito mais pesadelos pela frente! Não posso deixar de mencionar um dos pontos mais positivos do filme: sua trilha sonora final (simplesmente linda), onde enquanto acompanhamos os créditos finais, ouvimos a maravilhosa canção composta pela banda Dokken em total homenagem ao filme; chamada Dream Warriors, a música nos entrega a cereja que faltava no bolo sangrento. Impossível não entrar no clima proposto pelo filme ao ouvi-la. Deixarei o link logo abaixo, no final da crítica, e recomendo muito que ouçam!

Wes Craven novamente queria que esse fosse o último capítulo da franquia, mas seu sucesso estrondoso tornou isso impossível; as produções voltaram já no ano seguinte, em seu quarto filme, muito conhecido por ser o divisor de águas na saga do eterno Freddy Krueger. A Hora do Pesadelo 3 – Os Guerreiros dos Sonhos (1987) continua sendo um grande capítulo que entrega MUITA criatividade e interesse, principalmente devido ao aprofundamento na misteriosa conexão dos sonhos e pesadelos... Algo que pode se revelar maravilhoso, ou nesse caso, tenebroso. E mais uma vez, se alguém pensou que Freddy Krueger e seu reinado estavam mortos para sempre, provavelmente deve estar sonhando! #WeAreTheDreamWarriors
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TRAILER DE 1987:
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CONTAGEM DE CORPOS (6):
Assassino Freddy Krueger:
Phillip: nervos arrancados e usados como cordas (jogado da torre do hospital).
Jennifer: cabeça esmagada contra tela de televisão.
Taryn: quantidade absurda de heroína injetada nas veias, provocando uma overdose.
Will: estômago furado pelas garras.
Nancy Thompson: perfurada duas vezes no peito pelas garras, perca extrema de sangue.
Assassino Esqueleto de Freddy:
Donald Thompson: furado pelas garras de Freddy e empalado em pedaço de carro abandonado (atravessando seu peito)... MALDITOS!

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